Médicos realizaram manifestação contra visita de Bolsonaro ao Ceará, com projeções em prédios de diversos bairros, na noite de quinta-feira, 25/6
“Quem despreza a vida não é bem-vindo ao Ceará” é uma das frases que foram projetadas em prédios e espaços em diversos bairros de Fortaleza. Presidente estará nesta sexta no Estado
Da assessoria de imprensa do Coletivo Rebento
Médicos e médicas cearenses, reunidos no Coletivo Rebento – Médicos em Defesa da Ética, da Ciência e do SUS, realizaram na noite desta quinta-feira, 25/6, véspera da visita do presidente da República, Jair Bolsonaro, ao Ceará, manifestação com projeções em prédios, em diversos bairros.
A manifestação foi em repúdio às ações e à condução pelo Governo Federal da grave crise de saúde pública, com mais de 55 mil óbitos colocando o Brasil como vergonha, ameaça e preocupação mundial, sem ministro da saúde há mais de um mês, sem a coordenação de ações que seria fundamental para reduzir os efeitos da pandemia no País, incluindo o devido apoio econômico e social para que todos os trabalhadores de atividades não essenciais pudessem ficar em casa.
Os médicos e médicas participantes do ato público na noite desta quinta-feira, 25/6, percorreram diversos bairros da capital cearense, começando pelo Curió, na periferia, passando pelos ditos “bairros nobres”, como Aldeota e Meireles, e seguindo pelo Benfica e pelo Centro.
Ao longo de todo o trajeto foram realizadas projeções em prédios, com frases de protesto à condução da crise pelo Governo Federal.
O material dará origem a um vídeo a ser publicado nesta sexta-feira nas redes sociais.
Para os médicos que se manifestaram, o Brasil não conta com um plano efetivo de enfrentamento tanto da crise sanitária e humanitária quanto de suas consequências econômicas, muito além dos insuficientes R$ 600,00, que ainda geram aglomerações nos bancos e não chegam a todos que teriam direito.
Os médicos destacam que, enquanto tantos brasileiros são infectados, adoecem e morrem, o Governo Federal insiste diariamente em ações e declarações contrárias à saúde pública, pressionando pelo fim do isolamento social, pregando uma falsa escolha entre vidas ou empregos, minimizando os riscos da Covid-19, citada como “gripezinha”, incitando a invasão e a filmagem de hospitais, tentando jogar parte da população contra os profissionais de saúde, os governadores e prefeitos que agem a favor de medidas necessárias e científicas de prevenção e combate à doença.
“Quem despreza a vida não é bem-vindo ao Ceará”
“Quem despreza a vida não é bem-vindo ao Ceará” é uma das frases que foram projetadas em diversos espaços da capital cearense, na noite desta quinta-feira, 25/6, na manifestação na véspera da visita do presidente ao Estado.
Outras frases projetadas durante a manifestação foram:
“O SUS salva vidas. ELE não”
“Não são números. São pessoas”
“Defenda o SUS, a ciência, a ética, a vida”
“Mais de 50 mil mortos. Brasil na UTI”
“Muitas mortes? E daí? Não sou coveiro”
“Não é uma gripezinha. Fora Bolsonaro!”
“Vidas negras importam”
“Diga não à pandemia do racismo”
“Vidas LGBTQIA+ importam”
“Violência contra a mulher: denuncie”
“Os profissionais de saúde exigem respeito
“Quem manda invadir e filmar hospitais desrespeita a vida”
“Apologista da tortura, prestarás contas dos teus atos”
“És um soldado bisonho em cemitérios lotados, negando os fatos”.
O coletivo e as manifestações
O Coletivo Rebento – Médicos e Médicas em Defesa da Ética, da Ciência e do SUS chamou atenção nacionalmente com a grande repercussão do vídeo em que mais de 30 médicos deram uma resposta à fala do presidente sobre “invadir e filmar hospitais”.
O coletivo também realizou uma manifestação na Praia de Iracema, no dia 13/6, em homenagem às vítimas da Covid-19 e aos profissionais de saúde, além de crítica ao Governo Federal, e participou de segunda manifestação no mesmo local, no dia 21/6, promovida pelos Médicos pela Democracia, como parte de uma grande manifestação nacional da categoria.
Ambas as manifestações contaram propositadamente com poucas pessoas, em ambiente aberto e ventilado, e respeitaram os cuidados de distanciamento, higiene e prevenção.
O primeiro espaço visitado pelos médicos e médicas do Coletivo Rebento foi a Igreja de Santa Edwirges, no Curió, bairro da periferia de Fortaleza, com baixíssimo IDH.
Objetivo: dar visibilidade aos excluídos, destacando a luta antirracista e antiviolência policial.
Nesse bairro, em 11 de novembro de 2015, houve a histórica chacina do Curió, praticada por policiais
Aldeota é um dos bairros nobres de Fortaleza. Os médicos cearenses escolheram propositalmente o Shopping Aldeota, na Praça Portugal, para fazer projeções. Desde 2016, o local virou símbolo das concentrações da direita em Fortaleza.
Aqui é o coração da Praça Portugal, na Aldeota. É onde os bolsonaristas costumam fazer manifestações
Praça da Imprensa, também na Aldeota. Aí, ficam a caixa d´agua, da Companhia de Água e Escgoto do Ceará (Cacege), ponto conhecido na cidade, e a maioria dos veículos de imprensa. É o centro de comunicações de Fortaleza
Universidade Federal do Ceará
fonte: viomundo