Se você foi infectado com o novo coronavírus, ou mesmo se ficou sedentário durante toda a quarentena, é melhor procurar um médico para cuidar do coração. A recomendação é do cardiologista Roberto Kalil Filho e da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), que lança, neste mês, a campanha Setembro Vermelho.
Em primeiro lugar na lista de doenças que mais matam pessoas no mundo, as complicações cardiovasculares aumentaram durante a pandemia de coronavírus. No período de quarentena, as mortes por infarto e derrame cresceram 31,82% no Brasil, segundo a SBC, em relação ao mesmo período de 2019.
De acordo com estudos recentes, o próprio coronavírus pode ser um fator de aumento das complicações do funcionamento do coração, como relata Kalil. “Essa doença é, ou se achava que era, uma doença predominantemente pulmonar. Mas nós já sabemos que se trata de uma doença sistêmica, que atinge o corpo como um todo. Em Wuhan, na China, 7% das mortes foram por efeito do vírus diretamente no coração.”
“O coronavírus atinge o coração de três formas, principalmente: em primeiro lugar, nos casos mais graves, agride diretamente a musculatura do coração; em segundo, forma coágulos nas artérias, aumentando a incidência de infarto, e, por último, como doença pulmonar, reduz a oxigenação, dificultando o trabalho do órgão”, explica o médico.
Mas, para Kalil, essa estatística também está diretamente ligada ao período de maior sedentarismo e ao retorno aos maus hábitos, estimulado pela solidão do isolamento.
“Na pandemia, as pessoas deixaram de se cuidar, de se exercitar, passaram a fumar mais ou então voltaram a fumar. Cerca de 50% das mortes por doenças do coração poderiam ser evitadas com o controle de fatores de risco, como diabetes, obesidade, tabagismo, entre outras”, conta.
Agora, com a reabertura gradual, o cardiologista recomenda a retomada de exercícios físicos, mas adotando alguns cuidados. “É urgente voltar a fazer check-ups. Independentemente de você ter alguma doença cardiovascular ou não, é preciso retomar a atividade física de forma paulatina e com acompanhamento médico”, disse.
De acordo com ele, é fundamental prestar atenção ao ritmo com que se retoma a rotina de exercícios. “Comparando com aquele atleta de fim de semana, que não faz nada durante dias e depois vai correr uma hora ao meio dia de sábado, a chance de ter algum problema se a pessoa tem alguma doença cardíaca oculta é muito maior. É preciso retomar aos poucos.”
E o recado vale também para as mulheres: “Existe um mito de que as mulheres não infartam, porque elas têm uma proteção hormonal, mas isso vale apenas até a menopausa. Mulheres morrem de infarto sim! Espero que as pessoas tragam dessa tragédia, que foi a pandemia, o hábito de se cuidar mais.”
Fonte: CNN Brasil