A venda de medicamentos usados no tratamento de doenças cardiovasculares liderou o ranking da indústria farmacêutica no Brasil, em 2016.
No total, foram 694 milhões de embalagens comercializadas, o que correspondeu a 15,3% dos produtos distribuídos pelos fabricantes.
O faturamento chegou a R$ 5,7 bilhões, ou 9% do volume de vendas registrado, que totalizou R$ 63,5 bilhões no ano passado.
Essa classe de produtos trata diversos problemas de saúde relacionados ao sistema circulatório, que podem ser provocados por colesterol alto, hipertensão, diabetes, estresse e ausência de hábitos saudáveis, entre outros.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, somente em 2016 houve 1,1 milhão de internações pelo Sistema Único de Saúde (SUS) por diversas doenças do sistema circulatório, tais como infarto, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral (AVC).
O grupo de medicamentos destinados ao tratamento de doenças do sistema nervoso central ficou em segundo lugar, em termos de quantidade comercializada. Foram 649,8 milhões (14,4%) de embalagens distribuídas.
Quanto ao faturamento, este foi o maior da indústria farmacêutica em 2016, chegando a R$ 9,2 bilhões, ou 14,6% do total. No ano passado, o SUS realizou 190,5 mil internações por doenças relacionadas ao sistema nervoso.
Além dessas classes de produtos, a Anvisa destaca a forte participação da comercialização pela indústria de medicamentos para tratamento de doenças do aparelho digestivo e metabolismo, com 603,4 milhões (13,3%) embalagens vendidas pelos fabricantes no ano de 2016, com faturamento de R$ 8,2 bilhões (13%).
Os medicamentos para tratar os vários tipos de cânceres, embora tenham menor participação em termos de quantidade distribuída (40,9 milhões de embalagens), representam um dos maiores faturamentos da indústria farmacêutica, com R$ 8,3 bilhões em vendas, o que correspondeu a 13,2% do total. Tal dado ressalta o elevado preço médio desses produtos.
Essas e outras informações constam da segunda edição do Anuário Estatístico do Mercado Farmacêutico 2016, elaborado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) e lançado na quinta-feira (14), em Brasília, pelo diretor-presidente da Anvisa, Jarbas Barbosa.
O diretor-presidente da Anvisa ressalta a importância de dar transparência a este tipo de dado para o mercado, governos, universidades e sociedade em geral.
“A divulgação desses dados resulta em maior transparência e aperfeiçoamento da regulação no Brasil, bem como do Sistema de Acompanhamento do Mercado de Medicamentos (Sammed), que é a base oficial de dados do mercado brasileiro de medicamentos, provido técnica e operacionalmente pela Anvisa e mantido sob a gestão da CMED”, avalia Jarbas Barbosa.
Câncer e hepatite C
O anuário lançado pela Anvisa também traz informações sobre os princípios ativos presentes nos medicamentos.
O principal deles é o trastuzumabe, utilizado no tratamento de pacientes com câncer de mama em fase inicial e metastática.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), este é o tipo de neoplasia mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil, depois do de pele não melanoma. Para 2016, foi estimada a ocorrência de 57.960 novos casos da doença no Brasil.
Outro destaque foi o sofosbuvir, usado no tratamento de hepatite C crônica e que obteve aprovação para sua comercialização em 2015.
Mesmo tendo sido introduzido recentemente, esse princípio ativo já é o segundo com maior faturamento da indústria farmacêutica. Em terceiro, está a imunização contra a gripe.
Publicação
O Anuário Estatístico do Mercado Farmacêutico 2016, com dados inéditos do setor, pode ser consultado, na íntegra, no Portal Anvisa.
A publicação traz informações sobre o volume de vendas da indústria de medicamentos, tipo de produto mais vendido, faturamento e o ranking das empresas que atuam no Brasil.
Além disso, o levantamento inclui os principais princípios ativos usados e a distribuição geográfica dos fabricantes detentores de licença para produzir e comercializar produtos, entre outras informações. Para a Anvisa, o lançamento do anuário contribui para dar mais transparência aos dados da indústria farmacêutica no País.