Nos últimos anos, muitos medicamentos para o tratamento da obesidade foram suspensos no Brasil assim como em outros países, como exemplo citamos a dexfenfluramina, o rimonabanto, o mazindol e os derivados b-feniletilamínicos (anfepramona e femproporex). Há mais de uma década não houve nenhum lançamento de medicaçao oral antiobesidade nos EUA, até junho de 2012, quando o FDA aprovou a lorcasserina hemihidratada.
Lorcasserina na obesidade
A lorcasserina é um agonista serotoninérgico seletivo dos receptores 5-HT2C localizados em neurônios pró-opiomelanocortina hipotalâmicos. Acredita-se que o agonismo do receptor 5-HT2C reduza a ingestão de alimentos e aumente a saciedade. A droga apresenta alta seletividade para o subtipo de receptor 5-HT2C, com atividade mínima nos subtipos 5-HT2B ou 5-HT 2A. Agentes antiobesidade anteriores, como a dexfenfluramina, foram retirados do mercado por causa de uma associação com doença cardíaca valvular causada provavelmente por agonismo no receptor 5-HT2B.
A lorcasserina foi aprovada pela ANVISA em 2016 na dose de 10 mg duas vezes sendo indicada para tratamento de obesidade (índice de massa corporal ≥30 kg / m²) ou IMC ≥27 kg / m² com pelo menos uma comorbidade associada, como por exemplo, hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo 2 ou dislipidemia. Por questões burocráticas, a lorcasserina somente foi lançada no Brasil em outubro de 2019, com o nome comercial de Belviq®.
Os três principais estudos publicados envolvendo lorcasserina estão resumidos abaixo:
Retirado de: Diabetes Metab Syndr Obes. 2013;6:209–216.
O estudo BLOSSOM (Fidler et al) incluiu 4.008 indivíduos e o BLOOM (Smith et al) incluiu 3.182 indivíduos. Os critérios de inclusão foram semelhantes: idade entre 18 a 65 anos, IMC de 30 a 45 kg / m² ou 27 a 29,9 kg / m² e pelo menos uma comorbidade, como hipertensão arterial, dislipidemia, doença cardiovascular, tolerância reduzida à glicose ou síndrome de apneia obstrutiva do sono. Os principais critérios de exclusão foram pressão arterial sistólica> 150 mmHg ou pressão arterial diastólica > 95 mmHg, diagnóstico de diabetes tipo 2, depressão ou outras doenças psiquiátricas e uso de medicamentos prescritos para perda de peso nos três meses anteriores aos estudos.
O estudo BLOOM-DM (O’Neil et al) incluiu 604 indivíduos de 18 a 65 anos com IMC de 27 a 45 kg / m², com diagnóstico de diabetes tipo 2 e hemoglobina glicosilada A1c de 7% a 10%. Os principais critérios de exclusão foram: uso de insulina, exenatida ou pramlintida; depressão ou doença psiquiátrica que requerem terapia medicamentosa sob prescrição médica no último ano; história de doença valvar cardíaca; infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral nos seis meses anteriores; angina instável; e uso de inibidores seletivos da recaptação de serotonina ou noradrenalina.
Os eventos adversos mais comuns desses estudos foram cefaleia, infecções do trato respiratório superior, náusea, tonteira e fadiga. Todos os grupos em uso de lorcasserina demonstram significativa perda de peso em relação ao placebo sem efeitos colaterais cardiovasculares. O estudo BLOOM-DM demonstrou uma redução significativa da glicemia de jejum e de hemoglobina glicosilada (A1c) (p <0,05 para as duas doses de lorcasserina em comparação com o placebo).
No Brasil, dispomos de quatro medicações aprovadas para o tratamento da obesidade:
- Sibutramina
- Orlistate
- Liraglutida
- E a partir de agora a lorcasserina
Fonte: Portal PEBMED