A presença das mulheres em posições de liderança vem crescendo ano a ano e no ecossistema dos seguros não é diferente. A representatividade feminina está ganhando cada vez mais espaço no comando de grandes companhias e, além de equilíbrio de gênero, pesquisas* apontam que empresas com pelo menos uma mulher no comando apresentam melhor desempenho em comparação àquelas comandadas apenas por homens.
O CQCS conversou com CEOs de grandes companhias para falar de performance, trajetória, conquistas, decisões e o cenário de liderança feminina atual no Brasil. Érika Médici, CEO da AXA no Brasil; Patrícia Chacon, CEO da Liberty e Rosana Passos, CEO da Coface.
Uma pesquisa feita pela Escola de Negócios e Seguros em 2019 mostrou que as mulheres representam 55% do total de colaboradores e ocupam 47% dos cargos de liderança. Uma liderança diversa pode trazer muitas vantagens. Perfis com vivências e experiências diferentes agregam na tomada de decisões e garantem que pontos de vistas distintos sejam considerados.
Trajetória até a Liderança
As CEOs contaram como chegaram até as posições de liderança que ocupam atualmente e os desafios de equilibrar a vida pessoal com as ambições da carreira profissional.
Érika é formada em Estatística e Economia e assumiu desafios em toda sua trajetória, em 20 anos de carreira. Sua última posição antes de se tornar CEO foi a liderança comercial do time da AXA, que possibilitou um grande crescimento profissional e pessoal: ela expandiu o leque de relacionamento com o mercado e com as equipes.
“Me desafiei a desenvolver mais minhas habilidades para a comunicação, porque sabia que isso seria ainda mais necessário se quisesse dar o próximo passo. Esse aprendizado foi importante para eu estar aqui hoje e modelou o meu atual estilo de liderança, que é muito objetivo, técnico e ao mesmo tempo baseado na escuta e na formação de redes de confiança entre os times”, contou.
Patrícia é graduada em Economia pela Vassar College e com mestrado em Administração de Empresas pela Harvard Business School. Iniciou a sua carreira na indústria de seguros sede da Liberty Seguros em Boston, fazendo a transição para o Brasil em 2013. Na Liberty, passou por diversas áreas, incluindo Sinistros, Marketing e Estratégia. Ocupou a posição de Chief Transformation Officer e Líder de Experiência do Cliente e Digital para América Latina e Europa antes de assumir o cargo de CEO.
“Minha principal premissa sempre foi destacar a importância do foco no cliente em toda a companhia. E isso se reflete nas movimentações que fazemos aqui na Liberty – de lançar produtos desenvolvidos de acordo com as tendências atuais de consumo que observamos no mercado e oferecer jornadas fluidas, personalizadas e transparentes para clientes e corretores”, afirmou.
Rosana é graduada em Matemática, com MBA em Finanças e Riscos, e Mestre em Ciências Atuariais e Contábeis. Possui quase 41 anos de experiência profissional em finanças, crédito, gestão de riscos, planejamento estratégico, M&A, seguros e resseguros, governança corporativa (auditoria, controles internos e compliance) e recursos humanos em grandes empresas multinacionais. Antes de ingressar na Coface, a executiva foi CFO da Lavoro Holding (Grupo Pátria) e, antes disso, diretora de Governança Corporativa do Grupo da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).
“No início de 2020, decidi aceitar um novo desafio como CFO na Lavoro e Crop Care, braços do agronegócio do Pátria. No início de 2021, veio a oportunidade para assumir a presidência da Coface do Brasil e aqui estou. Foi muito trabalho, muita dedicação, muito aprendizado e muitos amigos pelo caminho”, disse.
As líderes inspiram e fazem a diferença no mundo dos seguros.
Gestão Operacional de Sucesso
Nos cargos de liderança, as decisões se tornam ainda mais importantes. Érika foi promovida a CEO no dia 10 de fevereiro de 2020, em 18 de março toda a equipe da AXA já estava em Home Office. “Eu nem tinha me adaptado à nova função e já era hora de tomar decisões a partir de um cenário de grande incerteza, inédita, a pandemia”, disse.
“O fato de eu ser mulher geralmente não afeta o processo de tomada de decisão, até porque eu tomo pouquíssimas decisões sozinha. Ser CEO de uma companhia é, em alguma medida, saber construir consensos, ser organizado com as equipes, ninguém vai muito longe sozinho”, continuou Érika.
Desde que assumiu o cargo de CEO, em março do ano passado, o principal objetivo de Patrícia é dar continuidade ao crescimento rentável da Liberty por meio de seus produtos-chave. “Como companhia, temos planos e objetivos muito bem estruturados, além de estudarmos bastante o mercado. Nossa cultura organizacional visa sempre incentivar o respeito e valorizar a opinião de todos os nossos colaboradores”, disse.
Rosana assumiu o cargo recentemente, mas falou muito sobre as conquistas ao longo da sua carreira. “Esses 41 anos de carreira me trouxeram inúmeras conquistas, penso que a principal delas foi o conhecimento sobre diversos assuntos, mercados, setores e empresas. Também conheci muitas pessoas nessa trajetória e várias delas eu pude influenciar no crescimento e carreira, isso me deixa extremamente feliz. Minha carreira me permitiu dar uma boa qualidade de vida para minha família, principalmente o acesso a boa educação para meus filhos. Acredito que eu tenha realizado todos os meus sonhos e confesso que sou uma pessoa que sonha muito e que corre atrás”, revelou.
Mulheres na liderança
Para as executivas, o cenário está mudando. Agora é possível ver mulheres em cargos de liderança. “Uma menininha só sonha em ser CEO se aquilo é percebido como uma possibilidade”, disse Erika.
“Acreditem em seu potencial, conheçam suas fortalezas e cresçam sobre elas. Faça um exame a respeito do caminho que quer traçar em sua carreira e estude os pontos de melhoria que precisará para alcançar seu objetivo. Trabalhe sempre com honestidade e amor”, acrescentou Rosana.
Patrícia finaliza pontuando que acredito que algo indispensável para as mulheres que querem encontrar seu lugar no mercado é confiar. “Confiar nas suas capacidades, ir atrás de novas oportunidades sem medo de abraçar um novo desafio. Digo isso pois são aquelas experiências onde temos que ir aos nossos limites, assumir riscos, desenvolver novos conhecimentos, são as que mais contribuem para o nosso crescimento”.
*Estudo feito pelo fundo de capital de risco First Round Capital apontou que empresas comandadas por mulheres apresentam melhor performance
Fonte: CNN Brasil