A Deputada Federal mais bem votada em 2018 defende a regulamentação do uso medicinal da planta
A Deputada Federal, Joice Hasselmann (PSL/SP) – em conversa exclusiva com o Sechat – disse que é preciso discutir a regulamentação da cannabis medicinal e contou que faz uso do medicamento importado para tratar problemas de insônia crônica. “Esse tipo de produto usado de maneira científica tem ajudado muitas pessoas, em especial pessoas que têm insônia, ansiedade e outras doenças. Eu tenho insônia crônica, muitas vezes o remédio tradicional não adianta. Eu usei (cannabis medicinal) a primeira vez fora do Brasil, algumas gotas do óleo desse produto – de forma absolutamente medicinal – e realmente há uma diferença pra mim em relação ao sono”, relata a parlamentar.
Joice Hasselmann é jornalista e foi a mulher que mais recebeu votos nas eleições de 2018 para a Câmara dos Deputados. Eleita pelo estado de São Paulo, com quase 1 milhão e 64 mil votos, a parlamentar ganhou ainda mais visibilidade no início da gestão de Jair Bolsonaro (PL/RJ) quando foi escolhida pelo presidente para assumir a liderança do governo na Câmara. Mas a sintonia durou pouco. Em menos de oito meses, Hasselmann rompeu com a família Bolsonaro, após sofrer ataques dos filhos do presidente nas redes sociais.
Já na oposição, em abril de 2020, a deputada deu entrada num pedido de impeachment na Câmara contra Jair Bolsonaro. A justificativa jurídica usada por Hasselmann tomou por base a denúncia do ex-Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. Na ação, a deputada alegou que a tentativa de o presidente interferir politicamente na Policia Federal, com o objetivo de proteger os filhos das investigações em curso, é uma questão de falsidade ideológica, e portanto, na visão da deputada, o presidente precisaria responder por isso.
Hasselmann ainda se envolveu em outras polêmicas. Em outubro de 2021, a deputada deixou o PSL, partido pelo qual se elegeu, e se filiou ao PSDB. A parlamentar acusou a legenda de perseguição e entrou com um pedido de desfiliação por justa causa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para não correr o risco de perder o mandato.
Em julgamento anterior, o Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu que o mandato pertence à legenda e não ao parlamentar eleito. Caso o TSE entenda que houve infidelidade partidária, a deputada Joice pode perder a cadeira na Câmara.
Outra situação que fez com que a deputada ganhasse os holofotes, também em 2021, se deu na madrugada do dia 18 de julho. Naquela manhã, Hassalmann acordou ensanguentada, com dois dentes quebrados, fraturas no rosto e na costela, além de um corte no queixo. A deputada disse que não lembra de nada.
Na ocasião, a parlamentar chegou a denunciar nomes ligados ao clã Bolsonaro e afirmou ter sido vítima de tentativa de assassinato. “Eu sou ameaçada de morte por políticos ligados ao governo tem muito tempo”, falou. “Tem um político que disse que me mataria por que eu deixei o governo, não é novidade para ninguém”, afirmou na época Joice. Apesar de a deputada ter registrado ocorrência como atentado à vida, o inquérito da Polícia Civil do Distrito Federal não encontrou indícios de invasão de domicílio e concluiu que “possivelmente a deputada caiu em decorrência de efeitos de remédios para dormir”, segundo o que consta no relatório.
De volta à cannabis como medicamento para insônia (que pode substituir drogas convencionais disponíveis na indústria farmacêutica), a deputada Hasselmann defendeu a regulamentação do remédio no Brasil para trazer mais qualidade de vida para quem precisa, além de baixar os custos de importação. “É muito importante a gente, realmente, trabalhar com a forma medicinal. Muita gente puxa o debate para os usuários, pessoas que entraram para o mundo das drogas, puxa esse debate para envolver a cannabis.
O que a gente está discutindo é medicina! Todo remédio tem um princípio ativo, é uma droga controlada, com a miligramagem controlada, que vai ajudar a resolver o problema. Então, a gente não está falando aqui de legalização total disso ou daquilo. Não! A gente está falando de ciência e medicina e isso é importante,” defende a parlamentar.
Fonte: SECHAT