O Diabetes é representado pelo aumento de açúcar no sangue, seja pela falta de insulina ou pela resistência ao hormônio produzido pelo pâncreas.
A doença se subdivide em dois tipos principais: o tipo 1 representa de 5 a 10% dos casos e tem como principal causa a hereditariedade, sendo essa uma doença autoimune; o tipo 2 representa 90% dos diabéticos, e como principais causas estão o sedentarismo, má-alimentação, obesidade e complicações de doenças, como a Hemocromatose.
Ainda existem o Pré-Diabetes e o Diabetes Gestacional, que ocorrem por diversos motivos em pessoas de variadas idades.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes [SBD], o Brasil abriga mais de 13 milhões de pessoas que enfrentam diariamente o desafio dessa doença, o que equivale a impressionantes 6,9% da nossa população.
Esses números alarmantes evidenciam a urgência de um dia dedicado à conscientização sobre o diabetes, capaz de disseminar conhecimento acerca das suas potenciais complicações e incentivar hábitos saudáveis entre os brasileiros de todas as faixas etárias.
É essencial que se promova a realização de check-ups regulares e a adoção de um estilo de vida saudável, como medidas preventivas fundamentais.
Segundo as projeções do Atlas da Federação Internacional da Diabetes (IDF), a expectativa global de casos de diabetes para o ano de 2025 era de 438 milhões de indivíduos.
No entanto, antes mesmo de atingir esse prazo, essa estimativa foi revisada em 2022 para 463 milhões. O Brasil figura como o quinto país com maior prevalência de diagnósticos de diabetes em todo o mundo.
Nesse ranking, o país fica atrás somente da China, Índia, Estados Unidos e Paquistão. A projeção para o ano de 2030 aponta uma incidência estimada de 21,5 milhões de brasileiros afetados pela doença.
Consequências
O diabetes, uma condição que exige atenção e cuidado, pode acarretar complicações de natureza grave. A neuropatia, por exemplo, afeta os nervos periféricos, podendo resultar no chamado pé ou mão diabético, que, se não for devidamente tratado, pode progredir para necrose.
Adicionalmente, a retinopatia, uma complicação ocular, pode levar à perda da visão completa. Já a nefropatia, caracterizada pela eliminação de proteínas através da urina, pode resultar em insuficiência renal crônica, demandando terapias como a diálise ou, em casos mais extremos, transplante de rim e pâncreas.
Além disso, infecções cutâneas são mais comuns em indivíduos diabéticos, e homens e mulheres podem enfrentar problemas de disfunção erétil e falta de libido, respectivamente.
É importante ressaltar que essas são apenas algumas das consequências mais frequentes, visto que há outras possíveis complicações associadas à doença.
Mesmo os pacientes assintomáticos não devem negligenciar o tratamento desde os estágios iniciais. Afinal, trata-se de uma condição crônica, o que significa que o cuidado necessário estende-se ao longo da vida.
O tratamento concentra-se principalmente no controle da glicemia, com a meta de manter os níveis dentro dos parâmetros normais (entre 70 e 99 mg/dL em jejum).
Portanto, é fundamental que a glicemia seja constantemente monitorada e ajustes sejam feitos, caso necessário, visando à manutenção desses valores adequados.
O controle da glicemia depende do paciente, não há fórmula padrão para todos. Com a evolução na medicina, existem várias dosagens e dispositivos para controle dos níveis de glicemia, até mesmo os smartphones já podem auxiliar neste processo.
Algumas outras novidades no controle passam por insulinas de liberação rápida e de baixo peso molecular, medicamentos hipoglicemiantes e avanços cirúrgicos.
Medicamentos também são comuns no tratamento, assim como ações básicas, como manter uma dieta saudável, incluir mais exercícios físicos no dia a dia, controlar o colesterol e o triglicérides.
Por fim, cada consequência pode ser tratada de forma específica, como calçados confortáveis para pés diabéticos, tratamento de úlceras e medicamentos para impotência sexual.
Dessa forma, especialidades diversas devem estar envolvidas nas definições de tratamento para cada paciente.
Devido às múltiplas complicações que o diabetes pode causar em diversas áreas do corpo, a colaboração de vários especialistas é fundamental para o controle e acompanhamento adequado dos pacientes.
É recomendado que haja um “médico-chefe” responsável pelo gerenciamento do tratamento, preferencialmente um endocrinologista ou clínico-geral, que possa coordenar e encaminhar o paciente para outros especialistas, como urologistas, nefrologistas, oftalmologistas, cirurgiões vasculares e outros, conforme necessário.
Dessa forma, o acompanhamento em hospitais que oferecem todas essas especialidades de forma integrada e próxima se torna vantajoso, promovendo uma abordagem mais abrangente e efetiva para o cuidado dos pacientes diabéticos.
Melhor que o tratamento integrado é a detecção precoce da condição. Quanto antes identificada, mais cedo o controle pode ser iniciado, o que leva a menores riscos de complicações e mais qualidade de vida.
Dessa forma, consultas rotineiras com diferentes especialidades médicas e check ups completos são sempre eficientes. Além disso, é importante destacar que o diabetes não escolhe uma idade específica para se manifestar.
Ele pode afetar pessoas de todas as faixas etárias, desde crianças até idosos. Portanto, a conscientização sobre essa condição deve ser disseminada amplamente, de modo a alertar a população sobre a importância da prevenção, mesmo entre aqueles que ainda não apresentam sintomas.
Ao promover uma abordagem interdisciplinar e integrada, envolvendo diversas especialidades médicas, é possível oferecer um cuidado abrangente e personalizado para todos os pacientes, independentemente da idade em que o diabetes se manifestou.
Diante desse contexto, é de suma importância aproveitarmos o Dia Nacional do Diabetes, celebrado em 26 de junho, como uma oportunidade valiosa para conscientizar a comunidade acerca dessa doença muitas vezes silenciosa.
É fundamental destacar os riscos e complicações associados ao diabetes, bem como os métodos de prevenção e cuidados necessários para gerenciar efetivamente a condição.
Por meio de iniciativas educativas e informativas, podemos fortalecer a conscientização sobre o diabetes e seu impacto na saúde, incentivando assim a adoção de hábitos saudáveis e a busca por exames preventivos.
Juntos, podemos trabalhar para reduzir a incidência e promover uma melhor qualidade de vida para todos aqueles afetados por essa condição crônica.
Texto originalmente publicado em Medicina S/A
*Sérgio Okamoto é médico especialista em Saúde Ocupacional e Superintendente Geral do Hospital Nipo-Brasileiro.