De acordo com a pesquisa, a associação potencial entre insônia e risco de ataque cardíaco é mais forte em mulheres
Não é segredo que o sono é importante para a saúde geral, mas a falta de sono pode ter efeitos significativos para o coração, mostra um novo estudo. Os pesquisadores disseram que as pessoas com insônia são mais propensas a ter um ataque cardíaco.
A insônia é o distúrbio do sono mais comum nos Estados Unidos, escreveram os pesquisadores em seu relatório, observando que 10% a 15% das pessoas nos EUA lutam contra ela.
A meta-análise de pesquisas publicadas anteriormente na revista Clinical Cardiology, sugere que a associação potencial entre insônia e risco de ataque cardíaco é mais forte em mulheres.
A pesquisadora Martha Gulati, diretora de prevenção do Cedars-Sinai Smidt Heart Institute, afirma que a maioria de seus pacientes são mulheres e que a insônia é um fator de risco notável para mulheres que tiveram qualquer forma de doença isquêmica do coração.
“A insônia é bastante comum. Nós a vemos provavelmente em 1 em cada 10 pacientes nos Estados Unidos”, disse Martha, que não participou da nova pesquisa.
“Tenho a impressão de que quase todo mundo experimenta insônia em algum momento de sua vida. A estimativa é que 1 em cada 2 adultos a experimente em algum momento de sua vida, talvez a curto prazo por causa de momentos estressantes”.
Para a análise, os pesquisadores – de instituições médicas no Egito, Arábia Saudita e Paquistão, bem como da SUNY Medical University e da Harvard Medical School nos Estados Unidos – definiram a insônia como um distúrbio do sono com três sintomas principais:
- Dificuldade em adormecer
- Dificuldade em manter o sono
- Acordar cedo e não conseguir voltar a dormir
A análise incluiu mais de 11 anos de dados de 1.184.256 adultos nos EUA, Reino Unido, Noruega, Alemanha, Taiwan e China.
Dos participantes, 153.881 tinham insônia e 1.030.375 não. Os pesquisadores descobriram que aqueles com insônia eram 1,69 vezes mais propensos a ter um ataque cardíaco do que pessoas sem insônia. Os números de ataques cardíacos ainda eram relativamente baixos – ocorrendo em cerca de 1,6% das pessoas com insônia e 1,2% das que não tinham.
O estudo também encontrou uma associação entre o aumento do risco de ataque cardíaco e quanto tempo um participante dormia a cada noite.
Aqueles que dormiram cinco horas ou menos tiveram a maior associação com risco de ataque cardíaco e foram 1,56 vezes mais propensos a ter um ataque cardíaco do que as pessoas que dormiram sete ou oito horas.
A duração mais longa do sono nem sempre foi mais protetora. O estudo apontou que as pessoas que dormiam seis horas por noite tinham um risco menor de ataque cardíaco do que aquelas que dormiam nove horas ou mais.
“Muitos estudos apontaram algo entre sete e oito horas de sono como o número mágico para nós”, disse Martha. “Obviamente, há variabilidade para todos, mas dormir demais raramente é o problema”.
O estudo diz que o aumento do risco de ataque cardíaco entre pessoas com insônia persistiu independentemente da idade ou sexo.
Martha disse que há várias maneiras pelas quais a falta de sono pode criar um risco maior de ataque cardíaco. A regulação do cortisol é central.
O cortisol é um hormônio responsável por regular a resposta do corpo ao estresse. Se os níveis forem muito altos, aumentará a pressão sanguínea do corpo. Quando uma pessoa dorme bem, sua pressão arterial diminui à noite.
“O que realmente acontece quando você não está dormindo o suficiente é que seu cortisol fica fora de controle”, disse Martha. “Se você está tendo problemas para dormir, sabemos que sua pressão arterial é mais elevada à noite”.
A pressão arterial mais alta à noite causada pelo desequilíbrio do cortisol é um dos caminhos potenciais para um risco aumentado de doença cardíaca, disse ela.
Os autores do estudo disseram que a insônia deve ser considerada um fator de risco nas diretrizes para a prevenção primária de doenças cardiovasculares.
“Agora temos evidências de que o sono é remédio”, disse o autor sênior do estudo, Hani Aiash, cardiologista e reitor-assistente de pesquisa interprofissional da Faculdade de Profissões de Saúde da Upstate Medical University. “Portanto, dormir bem é prevenção”.
“Se você não dormiu bem… abaixo de cinco ou seis horas, você está se expondo a um risco maior de infarto do miocárdio. O padrão de sono é muito importante”.
No entanto, “não precisamos de nove horas”, disse Aiash. “Acima de nove horas também é prejudicial”.
Para evitar a insônia e melhorar o sono, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos EUA, recomendam cinco etapas simples:
- Ser consistente em ir dormir no mesmo horário todas as noites e acordar no mesmo horário todas as manhãs, incluindo fins de semana. Isso ajuda a estabelecer um ritmo para o seu corpo.
- Certifique-se de que seu quarto seja um espaço relaxante, silencioso e escuro com uma temperatura confortável.
- Em seguida, remova smartphones, TVs e computadores do quarto.
- Evitar grandes refeições, cafeína e álcool antes de dormir dá ao seu corpo a melhor chance de dormir bem.
- Finalmente, permaneça ativo durante o dia.
Se você ainda está lutando contra a insônia, converse com um médico sobre outros remédios e tratamentos, orienta o CDC.
– Texto publicado originalmente no site CNN Brasil