á faz algum tempo que o governo polonês está preocupado com os poucos filhos que os casais andam tendo
O Ministério da Saúde da Polônia quer estimular o aumento da taxa de natalidade no país com um novo vídeo que mostra vários coelhos felizes e saltitantes no gramado, enquanto o narrador explica que o segredo para ter uma família grande é viver como estes animais, “fazendo exercícios, diminuindo o estresse e seguindo uma boa dieta”.
A propaganda do governo começa com a câmera percorrendo o jardim e os coelhos fazendo diversas atividades. Em dado momento, um homem e uma mulher aparecem sentados, em um piquenique romântico no mesmo lugar, e, em seguida, o narrador pega um dos peludos e diz: “Se algum dia quiserem ser pais, sigam o exemplo dos coelhos”.
Já faz algum tempo que o governo polonês está preocupado com os poucos filhos que os casais andam tendo e para tentar mudar esse cenário um programa oficial, que já teve custo superior aos 2,5 milhões de zlotys (R$ 2,2 milhões), foi lançado. A nova estratégia foi o anúncio, que será exibido na TV até o fim do ano.
Após a veiculação, as críticas e as brincadeiras nas redes sociais não demoraram.
Dentro desta estratégia, o governo da Polônia, um dos países mais católicos da Europa e, atualmente, nas mãos do partido nacionalista-conservador Lei e Justiça, promoveu em 2016 um plano de ajuda às famílias com mais de um filho, chamado 500+. Através desse projeto, as famílias recebem 500 zlotys (cerca de R$ 450) – livres de impostos – por cada filho adicional até que ele complete 18 anos.
No total, famílias com dois filhos recebem 6 mil zlotys (R$ 5.358) por ano, o que representa uma ajuda substancial.
As famílias com menos recursos, aquelas com renda inferior a 800 zlotys (R$ 715), também recebem ajuda, mas para ter o primeiro filho. Para o governo isso contribui para a coesão social e promove a natalidade também nos grupos mais desfavorecidos.
Segundo o Ministério de Trabalho, Família e Política Social, a estratégia de apoio à natalidade está funcionando. Conforme dados do primeiro semestre deste ano, 200 mil nascimentos foram registrados, 14 mil a mais do que no mesmo período de 2016.
No entanto, a oposição criticou o programa. Líderes dos partidos liberais Plataforma Popular e Nowoczesna consideram que essa é uma estratégia para comprar votos (conforme as últimas pesquisas, o Lei e Justiça aumentou o nível de popularidade desde que ganhou as eleições de 2015), e questionam a sustentabilidade desses subsídios.
Ninguém nega que a medida, que, por enquanto, beneficia 4 milhões de crianças, tem um custo elevado para o governo, que para compensar tenta captar receita através de impostos à grandes empresas, muitas delas estrangeiras.
Segundo a União Europeia, a taxa de natalidade na Polônia foi de 1,32 crianças por mulher em 2015, um número abaixo do mínimo de nascimentos necessários para evitar o envelhecimento da população, que se situa entre os 2,1 e 2,3 filhos.
Quase todos os países ocidentais estão abaixo deste nível, incluindo Reino Unido (1,8), Brasil (1,78), Estados Unidos (1,9) e Alemanha (1,4). Apenas Portugal (1,31) tem taxa de nascimentos mais baixa que a da Polônia.
(Por Nacho Temiño)