Uma alimentação desequilibrada pode causar muitos problemas para a saúde, por isso devemos ficar atentos ao sinais do corpo
A desnutrição é um estado físico de uma nutrição desequilibrada. Além de ser muito comum, traz uma série de complicações para a saúde, e pode também ser fatal.
Esse desequilíbrio nutricional pode ser decorrente de uma deficiência ou excesso (relativo ou absoluto) de um ou mais nutrientes essenciais.
As principais vítimas da desnutrição são pessoas que vivem em áreas sem acesso adequado aos alimentos, e também aquelas que, por algum motivo, não absorvem suficientemente os nutrientes, como pacientes com câncer e celíacos (pessoas com intolerância ao glúten).
De acordo com o Ministério da Saúde (MS), a doença celíaca dificulta a absorção de nutrientes, vitaminas, sais minerais e água. Por isso, pode causar dores de barriga, perda de peso, alterações na pele, além da desnutrição.
A ONG Oncoguia, criada por médicos e pacientes oncológicos para defender os direitos dos pacientes com câncer, explica que a doença e seu tratamento podem alterar a capacidade de absorção dos nutrientes. Isso pode causar a desnutrição, piorando o estado de saúde deles.
Além disso, a desnutrição é comum em idosos, pois pode ser desencadeada por um distúrbio alimentar, falência de órgãos, infecção grave ou trauma físico.
Vale lembrar que a doença não está relacionada com a aparência. Isso significa que uma pessoa obesa pode estar desnutrida. Por isso, todos devem cuidar da alimentação e escolher refeições mais balanceadas.
Para que você saiba mais sobre a desnutrição, vamos abordar os principais tipos, sintomas, complicações, diagnóstico, possibilidades de tratamento e como o problema está relacionado com a obesidade e anemia.
Principais formas da desnutrição
Segundo a organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF), a desnutrição é diagnosticada com a comparação do peso e altura de um indivíduo. Em alguns casos, é necessário utilizar um bracelete, chamado MUAC, para medir a circunferência do braço a fim de analisar o nível de massa corporal.
Ainda segundo a organização, a desnutrição crônica é caracterizada por problemas de desenvolvimento em crianças, como a baixa estatura e atrofiamento. Quando uma pessoa utiliza os próprios tecidos para suprir as necessidades energéticas, por falta de nutrientes, e apresenta baixo peso para sua altura, é diagnosticada como desnutrição grave.
Sintomas da desnutrição
Entre os principais sintomas da desnutrição, está a perda de peso, mas esse não é o único sinal de que a alimentação sofre com a falta de escolhas balanceadas. Confira outros sintomas:
- Cansaço excessivo e contínuo;
- Inchaços;
- Fraquezas em cabelos e unhas;
- Apatia;
- Irritabilidade;
- Dificuldade para se concentrar;
- Diarreia constante.
O Observatório da Saúde e da Criança do Adolescente da Universidade Federal de Minas Gerais explica que alguns sinais clínicos são levados em consideração para o diagnóstico da desnutrição, como textura e elasticidade da pele, lesões, coloração das mucosas, textura e queda de cabelo, força e massa muscular apropriada, entre outros.
Esses sinais podem ser confundidos com outras doenças, mas são fortes indicativos de que a alimentação pode estar desregulada. Por isso, é fundamental procurar um médico ou nutricionista que darão um diagnóstico e encaminhamento mais precisos.
Além de afetar o bem-estar, a desnutrição pode trazer consequências mais graves para o organismo.
Complicações da desnutrição
O Ministério da Saúde alerta para os problemas que a desnutrição pode causar ao organismo, como perda muscular, déficit no crescimento, alterações psicológicas e psíquicas, má formação óssea e anemia.
Além disso, a doença compromete as defesas do corpo, deixando o paciente mais suscetível às infecções e dificultando a recuperação. As crianças, de até cinco anos, são as mais vulneráveis, visto que estão no processo inicial do desenvolvimento físico e mental.
Dados do MS, de 2017, mostram que naquele ano morreram 5.653 pessoas por causa da desnutrição no Brasil. Aproximadamente, 15 pessoas por dia perderam a vida para a doença.
Desnutrição infantil
A desnutrição infantil é causada pela falta de nutrientes originada pela privação de alimentos, dieta inapropriada ou doenças que prejudicam a absorção de nutrientes. Representada pela falta de amamentação, alimentação irregular e problemas de saúde, em muitos casos, essas situações de risco podem ser evitadas.
Os principais sinais são cansaço excessivo, problemas no desenvolvimento físico e cognitivo, pele ressecada e pálida, fragilidade em cabelos e unhas, falta de força ou perda de massa muscular, irritabilidade excessiva e falta de concentração.
Pediatras e nutricionistas são alguns dos profissionais que podem ajudar no tratamento da desnutrição infantil, que inclui reeducação alimentar e mudança de hábitos no consumo de alimentos.
De acordo com o relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em 2019, uma em cada três crianças com menos de cinco anos não recebiam a nutrição adequada para o crescimento saudável em todo o mundo.
Segundo o órgão, 149 milhões de crianças, menores de 5 anos, sofriam de déficit de crescimento e quase 50 milhões estavam abaixo do peso. O documento também mostrou que 340 milhões tinham a chamada fome oculta, quando sua alimentação está com deficiências de vitaminas e minerais.
Tratamento
O tratamento da desnutrição envolve uma mudança nos hábitos alimentares, com orientação sobre quais alimentos ingerir ou mesmo a definição de uma dieta que permita a reposição e manutenção dos nutrientes. Suplementos podem ser indicados, porém eles não devem ser considerados como a única fonte de energia.
Geralmente, a dieta visa aumentar, gradativamente, a quantidade de calorias, proteínas, vitaminas e outros nutrientes. Para isso, será necessário realizar refeições balanceadas e em quantidade controlada. Isso vai variar conforme a gravidade da desnutrição, o quadro clínico do paciente e outros fatores avaliados pelos profissionais de saúde.
Caso a doença esteja grave, pode ser preciso internar para concluir o tratamento no hospital. Em alguns casos, pode ser necessário utilizar a sonda gástrica para melhorar o cenário de desnutrição.
Grupos de risco
Entre os grupos de risco que estão mais vulneráveis à desnutrição, podemos elencar:
- Bebês e crianças, quando não consomem o leite materno de forma adequada ou quando estão em idade na qual dependem exclusivamente de adultos para fazer a alimentação;
- Mulheres grávidas ou lactantes, que podem não conseguir repor corretamente os nutrientes dedicados à alimentação dos filhos e, com isso, apresentarem quadros de desnutrição;
- Idosos que necessitam de mais atenção para os hábitos alimentares ou sofrem de doenças que prejudicam a capacidade do organismo de absorver nutrientes;
- Paciente com doenças como câncer, diabetes ou portadores de HIV apresentam dificuldade para absorver os nutrientes necessários para seu funcionamento;
- Pessoas em situação de vulnerabilidade social, que não possuem condições financeiras de acessar alimentos nutritivos ou mesmo o sistema de saúde para tratar a desnutrição.
Além disso, especialmente no caso de idosos e de crianças, é preciso evitar ficar longos períodos sem se alimentar. Para crianças em fase de amamentação, o leite materno contém uma série de nutrientes que afastam os pequenos dos problemas nutricionais.
Não podemos esquecer que muitas pessoas não têm o que comer. Nesses casos, é necessário políticas públicas de distribuição de renda, alimentos ou incentivo para produções agrícolas comunitárias e cooperativas.
Para evitar a desnutrição, é aconselhável manter uma dieta equilibrada e variada, priorizando o consumo de alimentos como frutas, legumes, verduras e cereais. Produtos de origem animal como carnes, leite e ovos são ótimas fontes proteicas, porém devem ser consumidos sem excessos.
Como a desnutrição pode envolver algum nutriente específico, a dieta deve ser elaborada e acompanhada por um nutricionista. Porém, listamos algumas sugestões para você aproveitar ao máximo o valor nutritivo das frutas e verduras:
- Frutas e verduras devem ser consumidas bem frescas, pois os nutrientes vão se perdendo com o amadurecimento e com o tempo de armazenamento.
- Evite bater esses alimentos no liquidificador para não perder algumas vitaminas, como a vitamina C. Não cozinhe demais os alimentos, principalmente os vegetais.
- Aproveite a água que sobrou do cozimento para preparar outro prato, como sopas, cozidos ou sucos.
- Não submeta nenhum alimento a temperaturas altas demais, prefira o fogo brando.
Desnutrição e obesidade
É possível que pessoas obesas tenham falta de nutrientes necessários para o organismo, caso elas consumam alimentos que não têm variedade nutricional. Mesmo com a ingestão de alimentos calóricos, pode faltar nutrientes que contribuem para um organismo mais saudável, e desenvolver a desnutrição.
Essas doenças estão relacionadas a uma alimentação pobre em nutrientes. Como acontece com pessoas que consomem muitos alimentos processados e calóricos, que aumentam o peso, mas não têm nutrientes, deixando o organismo desnutrido. Portanto, tanto a obesidade quanto desnutrição são doenças provocadas, entre outros fatores, por uma alimentação irregular.
Em pessoas obesas, a carência nutricional pode acontecer por causa de dietas restritivas ou jejuns prolongados. Com isso, o organismo não recebe substâncias essenciais para a saúde, como cálcio, vitamina C, ferro, ômega 3 e vitaminas do complexo B.
Logo, é fundamental contar com acompanhamento médico e nutricional para casos de obesidade, perda de peso ou dietas.
Desnutrição e anemia
A anemia é a carência de ferro no organismo e pode ser encontrada em pessoas com desnutrição. Afinal, a doença também é consequência de uma má alimentação sem variedade de frutas, vegetais, carnes e ovos.
A anemia prejudica os músculos, coração e sistema nervoso central. A doença prejudica a produção de hemoglobina, responsável por levar oxigênio ao organismo.
Como a anemia também causa fadiga e falta de apetite, pode ser confundida com a desnutrição. Vale lembrar que ela pode ser um indicativo de algum problema nutricional.
Enquanto pessoas anêmicas apresentam especificamente, a ausência de ferro na alimentação, pessoas desnutridas também têm falta de outros nutrientes. Dessa forma, quem possui anemia não necessariamente sofre de desnutrição, mas precisa incluir mais ferro na sua dieta.
Uma dieta equilibrada, que possua alimentos ricos em ferro, folato e vitamina B12, vai ajudar a controlar a anemia. Portanto, opte por alimentos como fígado, carnes magras, feijões e vegetais de folhas verdes escuras, como o espinafre.