Durante o sono, o organismo exerce as principais funções restauradoras do corpo
O sono humano pode ser dividido em duas grandes fases, o chamado sono não-REM e o sono REM. A denominação tem origem na lingua inglesa, sendo definina pela presença ou ausência de movimentos rápidos dos olhos durante o sono.
O sono não-REM é composto de três estágios, do superficial ao mais profundo, o que indica que o tempo para despertar apresenta aumento contínuo com a evolução dos estágios durante a noite.
Já o sono REM, é considerado um estágio mais profundo de adormecimento, caracterizado pela paralisia temporária dos músculos do corpo, que possibilita um relaxamento completo, e dos movimentos oculares rápidos. De acordo com a Associação Brasileira do Sono, a atividade mental durante o sono REM é associada aos nossos sonhos.
Em um adulto jovem, o sono REM compreende entre 20 a 25% de toda a fase de adormecimento, segundo a associação. No entanto, a distribuição dos estágios do sono pode ser alterada por fatores como idade, temperatura, alimentação, além dos distúrbios do sono.
A importância de se dormir bem foi destaque do programa CNN Sinais Vitais, apresentado pelo cardiologista Roberto Kalil.
Sono reparador
Durante o sono, o organismo exerce as principais funções restauradoras do corpo, como o reparo dos tecidos, o crescimento muscular, a síntese de proteínas e o descanso do cérebro.
“O sono é fundamental para o descanso do sistema respiratório e cardiovascular. A pressão arterial cai, a frequência cardíaca cai, e cada vez mais a gente sabe que é fundamental também para o sistema nervoso central, é o momento de drenagem das toxinas que se acumulam no cérebro ao longo do dia, bom para a fixação de memória e harmonização do corpo. Os hormônios são secretados, basta a gente ficar uma noite sem dormir, que a gente percebe o quanto é fundamental o sono”, explica o médico Geraldo Lorenzi Filho, diretor do Laboratório do Sono do Incor.
A longo prazo, não dormir bem aumenta o risco de obesidade, doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral (AVC) e de depressão. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 9,3% dos brasileiros sofrem de ansiedade e o Brasil é o primeiro país do mundo em número de pessoas com a condição.
“Você ter uma insônia não significa ficar uma noite ou outra sem dormir, porque tá preocupada com algo, ou porque deixou uma tarefa incompleta e não consegue relaxar, enquanto não volta, e termina aquele trabalho. A insônia é uma condição que significa pelo menos três noites não dormidas durante a semana, por um período mínimo de três meses”, alerta a psiquiatra Carmita Abdo, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Na vida moderna, com inúmeros afazeres e pensamentos, dormir de forma saudável e com o tempo ideal, pode ser um desafio. No entanto, tratamentos trazem melhorias na qualidade de vida de quem sofre de ansiedade e de insônia.
A jornalista e apresentadora do programa CNN Nosso Mundo, Gloria Vanique, conta como conseguiu driblar as poucas horas de sono e a consequente ansiedade, mudando seu ritmo de vida e de trabalho.
“Gente, eu acho que eu faço muito mais hoje do que eu fazia naquele período, hoje eu tô com programa semanal, mas você tem o tempo de preparar esse programa. Tô muito mais saudável, dormindo bem”, diz Gloria.
Distúrbios do sono
Para o tratamento dos distúrbios do sono, existem diferentes tipos de terapia. No caso da apneia do sono, por exemplo, é preciso impedir que haja o fechamento da passagem do ar pela garganta enquanto a pessoa dorme.
Um dos tratamentos consiste no uso de um gerador de pressão chamado CPAP, um gerador de fluxo de ar que não é oxigênio e a pessoa usa quando vai dormir, conforme explica o médico Luciano Drager, presidente da Associação Brasileira do Sono.
“É uma máscara que é acoplada na face da pessoa e esse pressurizador de ar vai impedir o fechamento da garganta enquanto ela dorme. A pessoa deixa de roncar e fazer apneia”, relata o médico.
Quantas horas uma pessoa deve dormir por dia?
Existem diferenças na distribuição dos estágios de sono ao longo da vida. Segundo a Associação Brasileira do Sono, a duração do sono noturno depende de diversos fatores, sendo que o controle voluntário está entre os mais significativos nos humanos, o que torna difícil a caracterização de um padrão normal.
A duração do sono também depende de determinantes genéticos e processos associados ao ritmo circadiano. Alguns indivíduos relatam que precisam normalmente de menos de cinco horas de sono por noite para se sentirem bem. Outros apontam a necessidade de mais de nove ou 10 horas para a sensação de bem-estar no dia seguinte.
“Existe, em primeiro lugar, uma variabilidade muito grande em relação à faixa etária, por exemplo, um bebê fica 18 horas dormindo e a criança dorme 10, 12, 14 horas. O adolescente precisa dormir muito, esses são os mais arriscados a ter restrição de horas de sono. Já o adulto, na média, precisa dormir pelo menos 6 horas. Dormidores longos precisam de 7 a 8 horas e tem gente que precisa de menos que 6 horas”, diz Lorenzi Filho.
O neurocientista Sidarta Ribeiro, professor do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), explica o que há por trás dos sonhos durante a noite.
“Nós vivemos numa sociedade em que o sono e o sonho estão em risco. Os sonhos são uma expressão dos nossos desejos e dos nossos medos. Eles são um mecanismo muito antigo, que tenta dar uma resposta para o futuro. Então, eu não sei o que vai acontecer, mas eu tenho experiência do passado”, diz.
“Os sonhos permitem recombinar memórias e criar cenários de possíveis futuros. A gente pode afirmar que, na história humana, os sonhos foram fundamentais para a Gênese da cultura, para produção de novas ideias, e para o acúmulo cultura”, completa.
Este texto foi originalmente publicado em CNN Brasil