Vários serviços de saúde foram atingidos durante a pandemia de Covid-19 e os que são referência em tuberculose foram um dos mais afetados. As notificações de casos de tuberculose despencaram e pela primeira vez em mais de uma década, a mortalidade por tuberculose aumentou.
Vacinação contra Covid-19
A despeito que países de alta renda anunciam reforços da vacina contra a Covid-19 e estocam milhões de doses, muitos países de baixa e média renda ainda estão lutando para obter vacinas. Considerando que 76% das pessoas em países de alta renda receberam pelo menos uma dose da vacina Covid-19, a partir do final de dezembro de 2021, essa taxa foi de apenas 8% em países de baixa renda.
Por causa da desigualdade vacinal, novas variantes do SARS-CoV-2 (como a ômicron) estão surgindo e afetam particularmente países com baixa cobertura vacinal e altas taxas de pobreza e tuberculose. A OMS estima que quase 10 milhões de pessoas desenvolveram tuberculose em 2020. No entanto, apenas 5,8 milhões de casos foram diagnosticados e notificados, o que reflete uma queda de 18% em relação a 2019. Essa queda se concentrou em 16 países, como países asiáticos (especialmente Índia, Indonésia, Filipinas e China) com as maiores reduções na notificação de casos. Além disso, em 2020 houve cerca de 1,5 milhão de mortes por tuberculose em todo o mundo, representando o primeiro aumento desde 2005.
Outros efeitos negativos relacionados à pandemia incluem uma redução de 15% no número de pessoas tratadas para tuberculose droga-resistente, uma diminuição de 21% nas pessoas que receberam tratamento preventivo para infecção por tuberculose, e uma diminuição nos gastos globais com tuberculose entre 2019 e 2020.
Prevenção da tuberculose
Sem vacina para prevenção da tuberculose, o diagnóstico e tratamento ainda é a medida mais eficaz na redução do número de casos e projeções para 2021 estimam um aumento considerável no número de casos e na mortalidade por tuberculose. Essas projeções não levam em conta exacerbações nos determinantes sociais (pobreza extrema e desnutrição, por exemplo) que alimentam a epidemia de tuberculose. Em 2020, a pandemia de Covid-19 empurrou 100 milhões de pessoas para a pobreza, e a ONU estima que as economias em desenvolvimento terão perdas relacionadas à pandemia de US $12 trilhões até 2025. Quase 20% da incidência global de tuberculose é atribuível à desnutrição.
Para reverter esse quadro, a vacinação em massa a nível global, é fundamental para reduzir a circulação do vírus e reestruturar serviços de saúde, sobretudo a marca de 70% da população mundial vacinada. Outro fator importante é otimizar a rede de dados para que casos possam ser rapidamente notificados e tratados. A aprimoração de sistemas digitais globais utilizados durante a pandemia podem contribuir para reduzir o tempo do diagnóstico e o acesso ao tratamento.
O investimento em pesquisas de tratamentos mais curtos, associado ao desenvolvimento de vacinas para a tuberculose em novas plataformas herdadas da Covid-19 pode ajudar na melhor adesão e erradicação do bacilo. A tuberculose deve ser encarada como uma pandemia e medidas de controle devem fazer parte da retomada dos serviços após a recuperação da pandemia de Covid-19.
Mensagens práticas
A notificação de casos de tuberculose foi menor durante o período da pandemia, com aumento de sua mortalidade pela primeira vez em uma década.
Aumentar a cobertura vacinal global é fundamental para retomada de serviços de saúde, inclusive os de combate à tuberculose.
Fonte – Portal PEBMED