Cardiologista e médico do esporte fala sobre técnicas de reabilitação cardíaca, pulmonar e metabólica para ajudar ex-fumantes
“Os benefícios de parar de fumar são imediatos. A pessoa que fuma tem uma frequência cardíaca mais alta. Mas, a partir do momento que ela larga o cigarro, bastam 15 ou 20 minutos para essa frequência cardíaca cair. Já por volta de duas semanas sem o fumo, a circulação sanguínea tende a ter uma melhora do estresse oxidativo e há também uma melhora da função pulmonar. Mas, para ter benefícios mais contundentes, precisa-se de anos (às vezes de 10 a 15 anos) sem fumar para ter, de fato, uma reversão do quadro. Por isso é importante largar o vício o mais breve possível”, diz o Dr. Carlos.
Tratamento diferenciado
Segundo Acilino Portela, especialista em fisioterapia cardiopulmonar, novas técnicas e tecnologias contribuem para evoluções mais eficientes.
Através do uso da eletroestimulação de corpo inteiro os pacientes conseguem ter uma evolução mais rápida e favorável no processo de recondicionamento cardiorrespiratório.
Outra técnica utilizada é o chamado Treinamento Muscular Inspiratório (TMI) em que utilizamos dispositivos específicos para melhorar a dinâmica respiratória dos pacientes.
“Através da reabilitação, conseguimos uma boa evolução no quadro de pacientes com queixas de fadiga, cansaço, indisposição. O trabalho é bem complexo e requer dedicação do paciente, contando com todo o cuidado de uma equipe multidisciplinar, onde médico, fisioterapeuta, nutricionistas e profissionais de educação física, avaliam diariamente a progressão do paciente”, detalha Acilino Portela.
De acordo com o médico, o tratamento de quem tem doença cardíaca provocada pelo tabagismo deve ser individualizado. Isso porque o cigarro pode provocar várias alterações no coração, tanto arritmias, como alteração da pressão ou insuficiência.
Hoje em dia existem alguns medicamentos no mercado que são utilizados para evitar a progressão da doença cardíaca em decorrência da sobrecarga provocada pelo cigarro. E a atividade física, quando bem orientada, é importante também.
“Fazemos todo o trabalho de recondicionamento de pacientes cardíacos ou com doenças pulmonares, que fumavam e hoje são ex-fumantes. Também trabalhamos com pacientes com câncer de pulmão e doenças neurológicas, decorrentes do próprio tabagismo. Esse tratamento no Brasil ainda é bem restrito e ainda são poucos os centros de saúde que o disponibilizam”, pontua Dr. Carlos.
Especialistas destacam os males que o cigarro traz
Apesar de termos uma semana para lembrar os males provocados pelo cigarro – o Dia Mundial Sem Tabaco, em 31/5, instituído em 1987 – , é sempre importante frisar que o hábito de fumar provoca doenças graves e que afetam o organismo em geral. Mas também há boas chances de recuperação para aqueles que tomam a acertada, e difícil, decisão de largar o vício.
“O tabagismo está associado às doenças cardíacas, respiratórias (como asma, bronquite e sinusite), além do câncer de pulmão, um dos que mais agressivos e que mais matam no mundo. Além disso, o vício no cigarro provoca problemas no sistema circulatório. A parte estética também é afetada deixando a pele de quem fuma com manchas escuras, e ainda pode afetar a saúde bucal”, lista Carlos Portela.
Aqui no Brasil, de acordo com o Dr. Carlos, cerca de 150 mil pessoas morrem precocemente todos os anos, justamente por consequência do tabagismo. E mais! Fumantes adoecem três vezes mais do que não fumantes.
Ele alerta, ainda, que as mulheres sofrem mais do que os homens quando fazem uso do cigarro. Isso pela fisiologia hormonal da mulher, podendo causar infertilidade, maior flacidez e rugas na pele, além de menopausa precoce.
“Uma preocupação que precisamos ter é que quem sofre com as consequências do cigarro não é só aquela pessoa que fuma, mas também as que convivem com ela. São os chamados fumantes passivos. Então, quando você convive com um fumante, as doenças que ele corre sérios riscos de ter, o fumante passivo também está sujeito. Um dado interessante é que do total das mortes relacionadas ao cigarro, 12% são de fumantes passivos”, alerta o médico.
Este artigo foi publicado originalmente no site de notícias Vida e Ação