PF interceptou ligações não de Molina como dos outros detidos com líderes da quadrilha presos em Campo Grande, Três Lagoas e Dourados
A Corregedoria da Polícia Militar e a Polícia Civil deverão auxiliar a Polícia Federal na investigação das consequências da Operação Laçosa de Família, desencandeada na última segunda-feira (25). E, em um primeiro momento, o objetivo será não só apurar o envolvimento de mais agentes públicos estaduais de segurança pública no esquema, como ver a veracidade de informação recebida que o subtenente da corporação, Silvio César Molina Azevedo, um dos 21 detidos na ação, formou parte da fortuna que ostentava nas redes sociais mediante venda de proteção a criminosos do Primeiro Comando da Capital (facção criminosa que controla o tráfico de armas e drogas nas fronteiras de Mato Grosso do Sul com Paraguai e Bolívia).
Ou seja, Molina manteria esquema em que recebia altos valores de dinheiro de traficantes para fazer vista grossa na passagem de drogas e armas em Mundo Novo e Angélica, cidades onde ele tinha grande penetração e respeito na corporação e que fica na fronteira do Estado com o Paraguai, ao norte.
Segundo o Portal Correio do Estado apurou, a PF interceptou ligações não de Molina como dos outros detidos com líderes da quadrilha presos em Campo Grande, Três Lagoas e Dourados, principalmente, onde são acertados pagamentos. Muitas vezes, pelo alto valor pedido, os criminosos pagavam pelo serviço com joias e outros objetos de valor, ostentados pelo subtenente nas redes sociais.
“Era uma organização criminosa, com traços de máfia e fortes vínculos com uma das maiores facções criminosas do Brasil, que é o PCC”, disse Luciano Flores Lima, superintendente da PF, em coletiva na manhã de segunda.
Com salário mensal de R$ 10.145,40, segundo o Portal da Transdparência do Governo do Estado, Molina não tinha o menor pudor em exibir na internet uma Ferrari, que no mercado brasileiro pode chegar a custar até R$ 4 milhões, além de jet ski, lancha e helicóptero. Uma das aeronaves do tipo que foi apreendida pode ter sido usada na execução de Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, no dia 15 de fevereiro, no Ceará. Ambos eram os integrantes mais poderosos do PCC fora dos presídios e estavam se desentendendo com Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, indicado como o principal líder do PCC.
“Eles traziam drogas do Paraguai e remetiam para vários estados do Brasil em meio a cargas lícitas, como rações caninas e cereais. Em contrapartida, o grupo recebia joias, veículos de luxo e dinheiro, por meio de depósitos em contas bancárias de laranjas e de empresas de fachada, o que garantia vida luxuosa e nababesca aos patrões do tráfico internacional de drogas, que incutiam o temor e o silêncio na região, pela sua violência e poderio”, disse Lima.
O CASO
A Justiça Federal da 3ª Vara de Campo Grande expediu 20 mandados de prisão preventiva, dois mandados de prisão temporária, 35 mandados de busca e apreensão em residências e empresas, 136 mandados de sequestro de veículos terrestres, sete mandados de sequestro de aeronaves, cinco mandados de sequestro de embarcações de luxo, 25 mandados de sequestro de imóveis (apartamentos, casas, sítios e imóveis comerciais), cumpridos em São Paulo, Goiás, Paraná, Rio Grande do Norte, além de MS.
Também foi decretado o sequestro de todos os bens de 38 investigados, inclusive aqueles em nome de empresas de fachada. Durante a investigação, antes da deflagração da operação, a PF já tinha conseguido apreender R$ 317.498,16 em dinheiro; joias avaliadas em R$ 81.334,25 ; duas pistolas; 27 toneladas de maconha; duas caminhonetes Dodge Ram; e 11 veículos de transporte de carga, além de prender em flagrante seis pessoas.
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({}); Dos 15 presos no Estado, sete vão para o Presídio Federal, por conta da periculosidade, um para o Presídio Militar e o restante para o Presídio Estadual. Ao todo, além das prisões, 25 imóveis foram sequestrados, sete helicópteros, 136 veículos e 27 toneladas de maconha foram apreendidas.
Levantamento feito pela reportagem indica que, ao menos, 32 policiais civis e militares de Mato Grosso do Sul foram presos desde o início de 2018.