Enquanto a oleaginosa bate recordes de exportação e preço, cereal perde 20% do valor em um mês e safra nova tende a pressionar ainda mais o quadro.
Navio carregado com soja para exportação no Porto de Santos (SP) (Foto: Paulo Whitaker/Reuters)
Com o dólar na casa dos R$ 5,50 no Brasil, os produtores de soja não perdem tempo para garantir negócios e dinheiro no bolso. Segundo levantamento do Cepea, somente 20% da safra atual estão se dono. Os outros 80% da produção já estão completamente comprometidos e boa parte com o exterior. A dois dias do fechamento de abril, as vendas externas da oleaginosa batem recorde e superam 13 milhões de toneladas, de acordo com os dados oficiais. No acumulado do ano, os embarques do produto ao exterior ultrapassam 34 milhões de toneladas.
Os preços também não param de subir. Ontem, o indicador do Cepea apontou mais de R$ 106 por saca em Paranaguá. A cotação da soja bateu os R$ 100 no dia 30 de março e de lá para cá não caiu mais.
O milho segue um caminho totalmente oposto. Em um mês perdeu 20% do valor e vem sendo negociado a cerca de R$ 48 por saca, base Paranaguá (PR). Diferente da soja, que tem garantido um cenário positivo e de alta lucratividade aos produtores, o cereal começa a preocupar. O cenário do milho tem sido prejudicado principalmente pela demanda enfraquecida.
Com o fechamento de restaurantes devido ao novo coronavírus, o consumo de carnes caiu no país e quando se olha para frente é preciso considerar uma oferta grande a caminho. A segunda safra de milho está em desenvolvimento no campo e deve superar as 102 milhões de toneladas. Ao mesmo tempo em que os americanos, maiores produtores mundiais do grão, preparam uma nova grande colheita de milho.
Os cenários para duas das mais importantes commodities agrícolas brasileiras foram tema do CBN Agronegócios desta terça-feira (28/4).
FONTE: globo rural