Para algumas pessoas, uma viagem longa de carro pode significar horas de enjoo, tontura, náuseas e até dores de cabeça. Porém, para outras, permanecer sentado no veículo em movimento não é problema algum.
Não é um único fator que explica o que leva às experiências diferentes, mas uma série de estudos encontraram motivos que podem justificar o incômodo sentido por alguns, chamado pelos especialistas de doença do movimento.
Também conhecido como cinetose, o distúrbio é responsável pelo surgimento de enjoos em aviões, barcos e até mesmo parques de diversão. Uma das causas levantadas pelos pesquisadores chama-se teoria do conflito sensorial e, como o nome explica, é relacionada a um descompasso entre os sentidos do corpo humano.
De acordo com a teoria, os sintomas seriam provocados quando o sistema nervoso central recebe uma incompatibilidade de informações de nossos sentidos, como numa estrada em que o corpo tecnicamente está parado dentro do carro, mas os olhos e o balanço do automóvel indicam que está em movimento.
Essa confusão seria provocada até mesmo ao assistir a filmes 3D, de acordo com estudo da Universidade Sapienza de Roma, na Itália.
Quanto menor for o descompasso entre os sentidos, mais brandos serão os sintomas, mostram os estudos. É por isso que uma estrada reta oferece menos riscos que uma via com muitas curvas e buracos, por exemplo.
Além disso, os mais suscetíveis a experimentar o desconforto são crianças e mulheres, segundo estudo da University de Westminster, no Reino Unido.
No entanto, uma questão permanece em aberto: por que algumas pessoas são mais propensas a desenvolver os sintomas que outras? Algumas teorias buscam responder essa questão. Uma delas sugere que a postura pode ser um fator que favoreça a doença do movimento.
Segundo a análise, publicada na revista Ecological Psychology, o enjoo não aconteceria apenas por causa da incompatibilidade de informações sensoriais, mas sim pela incapacidade de se ajustar a postura durante esses momentos.
Os pesquisadores defendem que certas situações vivenciadas pelo corpo demandam uma correção da postura, e que a impossibilidade de isso ser feito durante viagens de carro, por exemplo, seria o que provoca o enjoo, e não o descompasso sensorial sozinho.
Há ainda um estudo publicado na revista Human Molecular Genetics que encontrou associações entre o enjoo e genes envolvidos no desenvolvimento dos olhos, dos ouvidos e no equilíbrio, o que justificaria a prevalência da doença a partir de um caráter genético. O trabalho encontrou ainda relações entre o aumento dos sintomas do distúrbio e a má qualidade do sono.
Como evitar e tratar os sintomas
Ainda que as causas da doença do movimento sejam estudadas e debatidas, há como prevenir o surgimento de sintomas — enjoo, tonturas, dores de cabeça, vômitos, entre outros — e formas de tratá-los.
A principal maneira é evitar, em primeiro lugar, atitudes que possam piorar o descompasso dos sentidos. Por isso, os especialistas recomendam que aqueles mais suscetíveis ao enjoo evitem ler, assistir a filmes ou ficar mexendo no celular durante viagens de carro, avião ou barco.
Enquanto isso, olhar para a janela e focar na paisagem pode ajudar a reduzir o desconforto, uma vez que as informações visuais passam a corresponder melhor às sensações vividas pelo corpo.
Caso isso não seja o suficiente, são indicados também medicamentos anti-enjoo, que atuam reduzindo a intensidade das náuseas ou evitando o seu surgimento. A maioria dos remédios é destinada à prevenção, devendo ser ingerido antes mesmo do início da viagem.
Fonte: Extra Globo