76% dos pacientes transferidos para o Into sofreram quedas: destes, 76% têm 60 anos ou mais. Confira dicas de médicos ortopedista e geriatra
A OMS aponta que o número de pessoas com idade superior a 60 anos chegará a 2 bilhões até 2050, representando um quinto da população mundial, o que acende a necessidade progressiva de políticas públicas e ações de prevenção, esta última, que partam não só do idoso, mas de toda a família.
Dados da OMS apontam que quase 700 mil pessoas morrem anualmente por sofrerem quedas no mundo. De acordo com o MS, as quedas ocupam o terceiro lugar na taxa de mortalidade entre as pessoas com mais de 65 anos no Brasil e 30% das pessoas com essa faixa-etária caem ao menos uma vez por ano e 25% precisam de cuidados hospitalares.
Perda de massa muscular é principal razão para quedas
Entre os fatores que explicam a maior incidência de quedas nesta faixa etária, um dos mais significativos é a perda de massa muscular, conhecida como sarcopenia.
“O nível de fragilidade do idoso acaba aumentando porque a sarcopenia tem influência direta na perda de força e equilíbrio”, explica o chefe do Centro de Quadril do INTO, Lourenço Peixoto. As chances de queda também estão relacionadas a outros fatores de risco, como problemas de visão e labirintite, típicas do envelhecimento.
É importante destacar que grande parte das quedas acontece em casa, como em pisos escorregadios, tapetes, objetos deixados no chão e até mesmo pets podem resultar em um tombo. Na rua, os idosos enfrentam outros tipos de obstáculos, como buracos, desníveis de piso e ambientes com baixa iluminação.
Apesar de ser um acidente comum, é preciso ficar atento às quedas. Segundo Lourenço, os idosos têm mais potencial para desenvolver fraturas graves do que indivíduos jovens. “A queda é um trauma de baixa energia, mas que pode provocar consequências graves com necessidade de tratamento cirúrgico e, alguns desfechos, podem até levar à morte”, explica.
As principais fraturas sofridas pelo idoso ao cair são: a do fêmur proximal, normalmente cirúrgica e com prognóstico ruim se não tratada precocemente; a da bacia; do ombro; do úmero proximal e do punho. O tempo de recuperação dessas lesões pode ser longo entre os mais velhos.
“São pessoas que, no geral, já possuem algum tipo de comorbidade e, durante a internação, têm maior potencial de agravar sua condição respiratória, sua situação cardiovascular e outras questões clínicas relacionadas”, ressalta o especialista Peixoto.
Maior parte das quedas ocorre dentro de casa
A maioria (70%) das quedas acontece dentro das residências, chamando a atenção para a importância de cuidados diários como manter o chão sempre seco, colocar barras de apoio – principalmente no banheiro, manter os ambientes iluminados e modificar alguns móveis para melhorar o espaço físico.
Devido às quedas sofridas, muitos idosos não voltam a ter a mesma disposição de antes, se desmotivam e se isolam. Questões econômicas também sofrem influência, como gastos com cuidadores, remédios, alimentação específica ou até pedir demissão do trabalho para cuidar do idoso.
“O idoso cai mais em casa. Ele não quere perder a independência, quer manter a autonomia, por isso muitos não pedem ajuda. Ele quer subir em um banquinho, numa escada para pegar algo em cima. Mas tem que ter cuidado, pedir sempre ajuda”, afirma Anelise Fonseca, coordenadora de Geriatria do Hospital Adventista Silvestre.
Ações preventivas começam dentro de casa
A médica, que assumiu a presidência da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia Regional Rio a partir de 1º de julho, diz que os idosos têm resistência a mudança de hábitos, mas esses novos hábitos podem começar em casa. Por isso, a arquitetura do imóvel é muito importante, assim como fazer uma revisão dos perigos da casa.
“No banheiro, é preciso colocar suporte para o idoso se segurar melhor ao se sentar no vaso e se levantar com segurança no boxe. Tapetes espalhados são formas de perigo. Móveis com quina, móveis no meio da sala. A iluminação também é importante, ele pode colocar uma luzinha fraca da cor azul, por exemplo, perto do banheiro, para quando precisar à noite. Isso tudo são medidas de casa segura”, comenta.
O médico do Into lembra que as ações preventivas são fundamentais para reduzir os riscos. Medidas simples como o uso de tapetes emborrachados e a instalação de barras de segurança nos banheiros em casa, além da prática de atividades físicas que fortaleçam a musculatura e a visita regular ao oftalmologista podem evitar esse tipo de acidente.
Segundo a geriatra, os idosos também podem cair na rua. Então, o uso de órteses, como a bengala, é importante, bem como os óculos. “Às vezes o idoso cai porque ele não enxerga profundidade ou por falta de atenção. Também pode ser necessário o uso do aparelho auditivo para escutar uma buzina, escutar um som de aviso diferente”. Ainda segundo a médica, a depressão, a demência ou a distração também estão muito associadas à queda.
Mais dicas para prevenir as quedas
De acordo com a especialista, outras iniciativas, além das já citadas, podem contribuir com a prevenção de quedas, entre elas:
– Sapatos adequados: evitar chinelos de dedo, ou meias sem sapatos. Piso escorregadio e o uso de meia podem provocar uma queda. É aconselhável o uso de tênis, sapato fechado com solado emborrachado.
– Atividades físicas: uma fisioterapia ou uma atividade física, principalmente musculação, para fortalecer a parte muscular e óssea. A capacidade de Independência no envelhecimento está muito associada com essa constituição estrutural, massa óssea e massa magra, que é o músculo. Então, a atividade física é importante.
– Prevenção contra a osteoporose: não fumar e se expor ao sol de forma cotidiana, são fatores que protegem contra a osteoporose.
– Alimentação rica em cálcio, ou, dependendo, o suplemento de cálcio. O aconselhável é que o idoso seja acompanhado pelo médico geriatra, ele pode fazer um rastreamento e identificar se o paciente tem osteopenia ou osteoporose, podendo orientar em relação à medicação ou atividades.
Dicas de Segurança
- Exercite-se regularmente.
- Faça check-up da visão e audição.
- Reveja os medicamentos com o seu médico.
- Use sapatos bem ajustados.
Casa Segura:
- Instale corrimãos e barras de apoio.
- Remova objetos do chão.
- Use tapetes antiderrapantes.
- Mantenha itens do dia a dia acessíveis.
- Mantenha o ambiente iluminado.
Texto publicado originalmente no site de notícias Vida e Ação