Apesar disso, empresa afirma que não há indícios de queda da proteção fornecida pelo imunizante contra covid-19
Fabricantes estudam nova versão da vacina adaptada às variantes emergentes
CHRISTOF STACHE/AFP
Um estudo de laboratório leva a crer que a variante sul-africana do coronavírus pode reduzir a produção de anticorpos provocada pela vacina da Pfizer com a BioNTech em dois terços, e não está claro se a vacina será eficaz contra a mutação, disseram as empresas na quarta-feira (18).
O estudo apontou que a vacina continuará sendo capaz de neutralizar o vírus, e testes com humanos ainda não mostraram indícios de que a variante diminui a proteção da vacina, segundo as duas farmacêuticas.
Ainda assim, elas estão fazendo investimentos e conversando com agências reguladoras sobre o desenvolvimento de uma versão atualizada de sua vacina RNAm ou de uma vacina de reforço, se necessário.
Para o estudo, cientistas das empresas e da UTMB (Filial Médica da Universidade do Texas) desenvolveram um vírus fabricado que contém as mesmas mutações presentes na porção do espigão da variante altamente contagiosa descoberta primeiramente na África do Sul, conhecida como B.1.351.
O espigão, usado pelo vírus para entrar nas células humanas, é o principal alvo de muitas vacinas contra covid-19.
Pesquisadores testaram o vírus fabricado em sangue retirado de pessoas que receberam a vacina e descobriram uma redução de dois terços no nível de anticorpos neutralizadores na comparação com seus efeitos na versão mais comum do vírus prevalente em testes nos Estados Unidos.
Suas descobertas foram publicadas no periódico científico NEJM (New England Journal of Medicine).
Como ainda não existe uma referência estabelecida para determinar qual nível de anticorpos é necessário para uma proteção do vírus, não está claro se a redução de dois terços tornará a vacina ineficaz contra a variante que se espalha pelo mundo.
Mas Pei-Yong Shi, professor da UTMB e coautor do estudo, disse que acredita que a vacina da Pfizer provavelmente protegerá da variante.
“Não sabemos qual é o número neutralizador mínimo. Não temos esta linha divisória”, explicou, acrescentando que suspeita que a reação imunológica observada provavelmente ficará consideravelmente acima de onde tem que estar para oferecer uma proteção.
Isto porque, em testes clínicos, tanto a vacina Pfizer/BioNTech quanto uma semelhante da Moderna proporcionou alguma proteção após uma única dose com uma reação de anticorpos mais baixa do que os níveis reduzidos causados pela variante sul-africana no estudo de laboratório.
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