Você engole e sente um leve comichão na parte de trás de sua garganta, uma dor quase imperceptível em seu pescoço. Sua testa está um pouco mais quente do que o habitual. Tem certeza? Verifique novamente. Agora respire fundo e tente não pensar sobre a pressão estranha que você está se sentindo em torno de seus olhos pelas últimos três horas. Você provavelmente está apenas cansado. Você deveria estar preocupado com parasitas e bactérias patogênicas dolorosas em seu McLanche Feliz? Provavelmente não. Mas, pensando bem e olhando a lista a abaixo, talvez você deva.
10. Amebíase dissolve os tecidos de seus órgãos
Se você já viajou para um país diferente e voltou com um caso grave de diarreia, provavelmente você pegou o que o mundo médico chama de “diarreia do viajante”, um mal relativamente menor causado por alimentos contaminados com bactérias provenientes de material fecal.
A amebíase é semelhante, mas muito, muito pior. Como a diarreia do viajante, você pode pegá-la por comer ou beber algo contaminado com pequenas quantidades de matéria fecal. Mas, ao contrário da diarreia do viajante bacteriana, ela é causada por uma ameba chamada E. histolytica. A ameba entra no seu corpo através do trato digestivo como um cisto, uma espécie de ovo. Uma vez dentro do seu estômago quente e incubatório, o cisto se rompe e vira uma ameba faminta. Neste ponto, ela ataca a camada de muco que reveste seus intestinos.
Esta camada de muco serve especificamente para bloquear parasitas como a E. histolytica, e funciona normalmente. Porém, às vezes, a ameba é capaz de cavar todo o caminho até o tecido macio de sua parede intestinal, onde ela começa a secretar enzimas que quebram proteínas do tecido.
Uma vez que a parede intestinal é suficientemente dissolvida, a ameba mastiga a gosma resultante e começa a sua reprodução. Alguns cistos recém-nascidos são arrastados na corrente intestinal para continuar o ciclo em outro lugar, enquanto outros ficam e crescem ali mesmo, espalhando-se, comendo e cavando. É incrivelmente doloroso.
9. A ciguatoxina inverte suas sensações de quente e frio
Cada vez que você come peixe, há uma chance de que você vá ter uma morte horrível. E, embora haja muitas maneiras para que isso aconteça, uma das piores é via ciguatoxina. As ciguatoxinas fazem bioacumulação, o que significa que elas se fortalecem à medida que sobem na cadeia alimentar. Elas são produzidas por um tipo de plâncton chamado dinoflagelado, e quando sua toxina passa para os corais, em seguida para os peixes herbívoros, depois para carnívoros cada vez maiores e, finalmente, chega ao seu prato, já se acumulou em proporções bíblicas. E é aí que as coisas se complicam.
Você começa a sentir a toxina cerca de duas horas depois de comer um peixe contaminado – indigestão, náusea e cólicas são geralmente os primeiros sinais. Se você tiver sorte, tudo para por aí (o que muitas vezes acontece). Entretanto, se você for particularmente suscetível às ciguatoxinas, elas vão trabalhar em seu sistema nervoso. Você pode ter tonturas, formigamento ou falta de ar. Seu coração baterão a mil por hora e seus lábios vão ficar dormentes.
Finalmente, seus processos neurológicos vão começar a falhar. Um dos exemplos mais estranhos disso é uma reversão na sua percepção de quente e frio. Gelo vai parecer fogo e vice-versa. Seria quase um superpoder interessante se não sinalizasse degeneração neurológica completa.
8. Cryptosporidium corrói seus intestinos
Cryptosporidium é um gênero de protozoários geralmente encontrados em água contaminada, embora também possam ser transmitidos através de alimentos não lavados de forma adequada.
Esses protozoários parasitas precisam de um hospedeiro vivo para se reproduzir. Ele entra no seu corpo como ovócitos microscópicos, que eclodem em sua barriga e viajam através do sistema digestivo para seus intestinos. Lá, eles fazem uma nova casa na suas vilosidades intestinais – uma floresta de pequenos tentáculos, semelhantes a dedos, que revestem o interior do seu intestino e puxam os nutrientes do alimento que passa.
Porém, como seres humanos no mundo de Pandora, eles não estão contentes em viver entre as árvores. Quanto mais tempo eles ficam, mais eles corroem as vilosidades que lhes dá vida. Eventualmente, a parede intestinal fica completamente nua por longos períodos, uma condição conhecida como atrofia das vilosidades. As vítimas mais comuns são crianças.
7. Salmonella derrete seus ossos
Salmonella é um gênero de bactérias patogênicas mais conhecidos do mundo. É por isso que você sempre cozinha o frango antes de comê-lo. Normalmente, a bactéria permanece na região gastrointestinal, causando alguns dias de diarreia e dores de estômago. Mas, às vezes, ela resolve explorar. E quando isso acontece, você está prestes a passar por uma experiência difícil.
Por alguma razão, a desonesta bactéria muitas vezes migra para os ossos, especialmente os ossos da perna, que têm um suprimento de sangue forte. Lá, ela nada através de sua corrente sanguínea até que atingem a medula e causam uma infecção, uma condição conhecida como osteomielite.
Correntes de glóbulos brancos chegam para expulsar a ameaça e começam a liberar enzimas que têm um efeito muito original: elas fazem a “lise” do osso, ou seja, quebram as células até que virem um fluido. O resultado são bolsos cheios de pus onde antes havia osso sólido – prisões para a bactéria que, eventualmente, morre.
6. A Yersinia imita perfeitamente a apendicite
As bactérias do gênero Yersinia são monstrinhos engenhosos. Elas são o que é conhecido como anaeróbios facultativos; respiram oxigênio se há oxigênio ao redor, se não, um interruptor biológico é acionado e elas passam a “respirar” por meio de fermentação. E tudo isso acontece dentro do seu corpo. Você geralmente acaba contraindo Yersinia depois de comer salada, já que essas bactérias podem sobreviver em temperaturas tão baixas quanto 4° C, o que permite que cresçam em vegetais nos refrigeradores de restaurantes.
Um dos efeitos mais perigosos de uma infecção por Yersinia é a pseudoapendicite, que se parece e age exatamente como a apendicite normal. Na apendicite, uma importante passagem do apêndice fica bloqueada e, ao longo do tempo, o apêndice se enche de pus e muco, se expandindo e colocando pressão sobre o tecido circundante. Eventualmente, ele explode, liberando aquela fossa de fluidos nas cavidades do corpo. A Yersinia faz a mesma coisa, porém é ela mesma que faz o bloqueio inicial, que causa a dilatação do apêndice.
5. Criptococose faz crescer bolor no seu cérebro
Se você precisava de um motivo para lavar as frutas e legumes antes de comê-los, aqui está.
Cryptococcus neoformans é um fungo encontrado em todo o mundo. Pegue um punhado aleatório de terra e há uma boa chance deste fungo estar vivendo nela. Agora, larga essa sujeira e não respire profundamente, porque o Cryptococcus é um assassino impiedoso.
O fungo entra no seu corpo através do sistema respiratório, enviando uma nuvem de basidiósporos em seus pulmões e vias nasais. A primeira coisa que você sente é uma leve coceira na garganta, que cresce rapidamente para uma tosse seca. Você vai ter febre e uma das dores de cabeça mais intensas de sua vida. O fungo está agora se espalhando por seus pulmões e liberando toxinas em sua corrente sanguínea.
Depois de uma semana ou duas, o fungo vai se espalhar para o seu sistema nervoso central. Ali, ele se propaga ao longo suas meninges, uma fina camada de tecido que cobre o cérebro. Você vai começar a ter alucinações. Você pode não morrer, mas há uma boa chance de danos neurológicos permanentes.
4. Vermes triquinas criam colônias dentro de sua língua
Trichinella é um nematódeo parasita que vive nos corpos de onívoros – especialmente porcos, cavalos, ratos e seres humanos. Como os porcos são os únicos do grupo que comemos regularmente, a triquinela é geralmente associada com carne de porco crua ou mal cozida.
As larvas do verme vivem em cistos no tecido muscular do animal. Quando o animal é morto, embalado e enviado para o supermercado, os cistos pegam uma carona na carne, à espera de um lugar ideal para acordar e começar a se reproduzir. Mais frequentemente do que não, o lugar ideal é o estômago de uma pessoa. As larvas fazem o seu caminho para o intestino delgado, se trancam em seu revestimento de muco e começam a se multiplicar. Nas suas quatro semanas de vida, um triquinela adulto pode produzir mais de mil larvas.
Estas larvas nascem equipados com uma espécie de agulha longa serrilhada que rasga as paredes do intestino para que possam nadar na corrente sanguínea. Lá, elas podem escolher o seu destino como passageiros de um metrô. O ideal é um tecido muscular ativo e fino. E nada se encaixa nessa descrição melhor do que uma língua. Às vezes, colônias de mais de 1.500 vermes vivem no tecido. E, às vezes, você nem sabe que estão lá.
3. Anisaquiase te obriga a atacar seus próprios tecidos
Em um paralelo com carne de porco, carne de lula muitas vezes contém um nematódeo parasita perigoso que migra para os seres humanos quando não está totalmente cozido. O verme em questão é o Anisakis simplex, que vive no trato gastrointestinal. Surpreendentemente, o A. simplex por si só não é muito prejudicial, a menos que você tenha uma reação alérgica a ele. O verdadeiro perigo vem do que ele força o seu corpo a fazer.
Que entrem os eosinófilos, nosso segundo ator neste drama. Os eosinófilos são um tipo de glóbulo branco que são os principais responsáveis ??para lidar com parasitas. Mas, como um detetive trapalhão, eles acabam fazendo mais mal do que bem. Os eosinófilos se reunem ao redor dos nematóides e lançam citotoxinas em cima deles, toxinas que não causam danos para o parasita. Em vez disso, eles batem nos tecidos circundantes e causam mais danos do que A. simplex poderia sonhar em fazer.
E uma vez que a ameaça ainda está lá, os glóbulos chamam reforços, até que todo o local seja uma fogo cruzado que atinge tudo, menos o alvo pretendido. E você pode morrer por causa disso.
2. Brucelose rasga lentamente a sua medula espinhal
Há uma longa lista de nomes alternativos para a brucelose, como febre de Malta e doença de Bang. Porém, todos são, na verdade, a mesma coisa: uma infecção da bactéria Brucella, que normalmente é encontrada em queijos moles e leite não esterilizado. Para colocar um pouco de otimismo nesta lista, a brucelose é bastante rara, e é improvável que você vá pegá-la se beber leite pasteurizado.
Mas agora a má notícia: é uma condição crônica que dura por toda a vida e pode rasgar sua coluna ao meio. Uma das principais complicações da brucelose é uma doença da coluna vertebral chamada aracnoidite, e a combinação dos dois muitas vezes leva a siringomielia, uma condição em que buracos começam a aparecer ao longo da espinha. Essas cavidades se expandem em um período de anos, separando os discos da coluna e rompendo-a ao longo de vários pontos. Ai.
1. A superbactéria do frango que causa suicídio celular
Chamar a bactéria resistente aos antibióticos que está sendo encontrada em frangos de uma “superbactéria” é ótimo para chocar o público, mas, na verdade, ela é apenas uma versão da E. Coli. Dito isto, ainda é algo com que devemos nos preocupar, porque ela está causando uma taxa surpreendentemente alta de síndrome hemolítico-urêmica.
A síndrome hemolítico-urêmica é o suicídio coletivo de células vermelhas do sangue. A maioria das células no organismo são programadas para serem capazes de se autodestruírem quando necessário. O fênomeno é chamado de apoptose e geralmente serve a um propósito. Por exemplo, quando você ainda era um embrião, seus dedos eram entrelaçados em um único monte até que as células entre os dedos individuais sofreram apoptose, o que permitiu que se separassem.
Mas a E. Coli contém uma toxina que corta a programação de células vermelhas do sangue e as obriga a cometer suicídio. O resultado é falha renal quase total. Já que nós estamos tendo problemas para parar esta nova geração de E. Coli com antibióticos, complicações como esta estão se tornando mais comuns. Neste momento, estima-se que cerca de 50% da carne de frango em lojas tem a superbactéria.