Inquérito vai investigar tentativas de interferência do presidente nos trabalhos da Polícia Federal, relatadas pelo ex-ministro da Justiça ao pedir demissão.
O ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta segunda-feira, 27, a abertura de um inquérito contra o presidente Jair Bolsonaro para investigar as tentativas de interferência nos trabalhos da Polícia Federal, relatadas pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro em seu pronunciamento de demissão.
O inquérito foi solicitado pelo Procurador-Geral da República, Augusto Aras, na última sexta-feira, 24, horas após a fala do agora ex-ministro da Justiça. No Brasil, o PGR é a única autoridade que pode pedir investigação no STF contra o presidente.
De acordo com a equipe de Aras, existem indícios de que a conduta de Bolsonaro pode ser enquadrada em delitos como obstrução à investigação de organização criminosa e advocacia administrativa.
“A dimensão dos episódios narrados revela a declaração de Ministro de Estado de atos que revelariam a prática de ilícitos, imputando a sua prática ao presidente da República, o que, de outra sorte, poderia caracterizar igualmente o crime de denunciação caluniosa”, escreveu o procurador-geral.
Acusações de Moro
Segundo o ex-ministro, Bolsonaro tentou interferir na chefia da Polícia Federal porque gostaria de ter acesso a investigações sigilosas. Moro também falou que o presidente tem “preocupação com inquéritos em curso no STF”.
Há duas investigações que atingem aliados do presidente: o inquérito das fake news, aberto no ano passado, e outra investigação mais recente solicitada nesta semana por Aras para investigar a organização de manifestações antidemocráticas e pró-ditadura militar. Ambas tramitam sob relatoria do ministro do STF Alexandre de Moraes.
(Com informações da Agência O Globo)