A crise vai produzir mais desemprego e pobreza.
Com a paralisação das atividades produtivas e do comércio, a economia nada produziu em abril. “Nem em períodos de greve enfrentamos um nível de produção tão baixo no País”, disse Luiz Carlos Moraes, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores – Anfavea (Agência Estado, 10/5/2020). No mês passado, a indústria automobilística produziu “apenas 1,8 mil veículos produzidos, uma queda de 99,3% em relação ao mesmo mês de 2019”, isso equivale a um dia de trabalho de uma fábrica da FIAT em Betim(MG).
As paralisações afetam a produção e todos os demais setores da economia, principalmente o emprego, que passou a ser uma preocupação tão grande quanto a saúde. Os trabalhadores não sabem o que pode acontecer, além da fome certa.
Mas é um fenômeno mundial. “Os Estados Unidos atingiram a maior taxa de desemprego desde a Grande Depressão de 1929, atingindo 14,7%. Ou seja, 20,5 milhões de empregos desapareceram na pior queda mensal de postos de trabalho já registrada” (Gazeta do Povo, 11/5/2020).
Mesmo que a crise econômica mundial tenha características próprias e diferentes daquelas que produziram a maior crise capitalista global até agora, a crise de 1929, a comparação é feita por muitos analistas e todos verificam, pelos dados que a atual é maior e mais profunda. Em cada país ela se manifesta um pouco diferente e com intensidades variadas. No Brasil se “combina: 1.crise econômica mundial inusitada; 2. Brasil vindo de três anos de estagnação, após dois anos de brutal recessão (2015/2016), situação muito piorada por um golpe de estado; 3.uma pandemia que já é a mais grave do último século; 4.crise política dramática” (José Álvaro de Lima Cardoso, Outras Palavras, 8/5/2020).
O FMI está prevendo uma queda no comércio internacional na ordem de 11% ou mais, produzindo uma forte instabilidade nos preços das matérias primas, o que atinge em cheio o Brasil, que tem passado por um longo período de destruição de sua indústria e de concentração da economia no setor primário agro-extrativista.
O desemprego no Brasil, segundo cenário da LCA Consultoria, deve chegar ao final do ano na taxa de 25% (Valor, 10/5/2020). O Ministério da Economia anunciou nesta segunda-feira (11) que foram contabilizados 2.337.081 pedidos de seguro-desemprego nos primeiros quatro meses de 2020, período de avanço da pandemia do novo coronavírus no Brasil.” (R7, 11/5/2020). “É uma alta de 22,1% ante abril de 2019 e de 1,3% sobre janeiro a abril do ano passado” (ValorInveste, 11/5/2020).
O governo federal informou que já começou a pagar o Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e Renda, previsto na Medida Provisória 936/20, que autorizou empresas a flexibilizar ainda mais os contratos de trabalho, reduzindo salários e jornadas. Isso atingirá, segundo o Ministério da Economia, 5,4 milhões de trabalhadores que receberão o equivalente a um mês de salario desemprego, caso fossem demitidos (Correio Braziliense, 5/5/2020)
Mas, quem conhece a economia brasileira sabe muito bem o mercado informal é o setor que mais absorve mão-de-obra pouco qualificada. A paralisação das atividades e redução drástica de pessoas nas ruas atinge diretamente esse setor, que teve uma brutal queda na renda, que não será nem minimamente compensada com o auxílio emergencial de R$ 600 que atendeu parte dessa população.
Essa crise está longe de terminar e nada voltará ao normal quando a quarentena passar. Como as políticas de geração de renda promovidas pelo governo federal são muito tímidas, nada sugere que o consumo venha a produzir demanda para novas contratações e retomadas de setores fortemente atingidos como a área cultura, lazer e assemelhados.
FONTE: DIARIO CAUSA OPERARIA