Moradores de San Julián espancaram o rapaz e depois o enforcaram em uma árvore, na Praça. Eles acreditavam que o brasileiro era um assaltante
Vinícius Chagas Maciel, 32, estava vivendo na Bolívia há cerca de um ano. Ele trabalhava em uma oficina mecânica e tinha a intenção de estudar Medicina no país vizinho.
Seu sonho foi interrompido na última segunda-feira (20), quando ele foi linchado por uma multidão raivosa, na pequena cidade de San Julián, no leste do país, a 890 quilômetros da capital, La Paz.
Os moradores da cidade espancaram o rapaz e depois o enforcaram em uma árvore, na praça principal. Eles receberam uma denúncia e acreditavam que o brasileiro era um assaltante.
Família nega as acusações
A família de Maciel nega e disse que ele estava no bairro cobrando uma dívida para um amigo.
Vitória Maciel, irmã da vítima, falou com o R7 sobre a morte dele. “Fiquei sabendo [da morte] através das redes sociais porque os amigos dele na Bolívia marcaram ele em posts”, disse.
Ela contou ainda que recebeu imagens e vídeos do momento em que o irmão foi morto. A mãe dele, Dilailde de Araújo Chagas precisou ser hospitalizada.
“Nem um animal merecia passar por isso”
A mulher fica emocionada quando fala sobre a forma brutal como o irmão foi morto: “nem um animal merecia passar por isso”, fala. A irmã reitera que o irmão era honesto e muito querido na sociedade.
Segundo Vitória, era Vinícius quem pagava o aluguel da mãe. Ele também enviava dinheiro para a filha de 7 anos.
A polícia boliviana já convocou o agricultor de soja Javier Flores Revollo e sua esposa Juana Choque Cruz, que deverão ser investigados no caso.
Sem previsão de velório
Não se sabe ainda quando o corpo de Maciel voltará ao Brasil. A família, que mora na cidade de Santana, no Amapá, alega que não tem o dinheiro necessário para fazer o traslado.
“São quase R$ 20 mil. Nós somos muito humildes, não temos condições. Fizemos uma vaquinha na internet para ajudar”, explica Vitória.
O Itamaraty informou que o consulado brasileiro em Santa Cruz de la Sierra está em contato com a família e com as autoridades locais e acompanha o caso.
R7