Em dezembro passado, um novo relatório sobre prevenção do HIV elaborado por Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) recomendou ampliar o acesso a todas as opções de prevenção disponíveis, entre elas, a PrEP, para diminuir os novos casos de HIV, que têm se mantido em 120 mil por ano desde 2010 na América Latina e no Caribe.
O governo federal estimou que no primeiro ano a PrEP será oferecida a 9 mil homens que fazem sexo com homens, trabalhadoras sexuais e pessoas trans por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
Para o lançamento do programa, o ministério está trabalhando com redes de homens que fazem sexo com homens e pessoas trans no desenvolvimento de vídeos e mensagens para alcançar essas populações e para que conheçam os benefícios da profilaxia prévia à exposição, incluindo as pessoas que vivem em regiões mais pobres.
Assim como muitos outros países da América Latina e do Caribe, a epidemia de HIV no Brasil está concentrada na população de homens que fazem sexo com homens e mulheres trans. O país foi reconhecido durante muito tempo por sua resposta inovadora à epidemia de HIV.
“A PrEP ajudará a manter o Brasil e nossa região em linha com as respostas mundiais mais avançadas para o HIV, e confiamos que terá impacto positivo na redução das novas infecções”, disse Adele Benzaken, diretora adjunta do Departamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), HIV/Aids e hepatites virais do Ministério da Saúde.
O programa brasileiro busca oferecer a PrEP para 54 mil pessoas nos próximos cinco anos. Apesar de o medicamento da companhia que o criou só ser oferecido no primeiro ano, é possível que medicamentos genéricos estejam disponíveis em breve.
Ensaios clínicos mostram eficácia da PrEP
Existe uma forte evidência de que a PrEP funciona. Vários ensaios clínicos entre diversas populações, incluindo homens que fazem sexo com homens e homens e mulheres heterossexuais, demonstraram que a profilaxia pré-exposição é muito efetiva para reduzir o risco substancial de contrair a infecção.
Em dezembro passado, um novo relatório sobre prevenção do HIV elaborado por Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) recomendou ampliar o acesso a todas as opções de prevenção disponíveis, entre elas, a PrEP, para diminuir os novos casos de HIV, que têm se mantido em 120 mil por ano desde 2010 na América Latina e no Caribe.
A implementação de uma nova intervenção biomédica, considerada polêmica por alguns, quase sempre requer a vontade política dos governos.
A PrEP é uma dessas intervenções, incluindo a preocupação com os custos associados ao incluí-la no sistema de saúde pública.
Estes custos não estão relacionados ao medicamento em si, mas também ao monitoramento adicional e ao pessoal necessário para fornecer a PrEP de maneira segura e efetiva.
O Ministério da Saúde está dando um passo decisivo e construtivo. A discussão nacional sobre a oferta em escala da PrEP começou em 2013, quando o ministério financiou cinco projetos de demonstração da pré-exposição, separadamente, para compreender melhor os desafios operacionais na prestação de serviços.
De acordo com a analista de políticas sociais do Ministério da Saúde, Tatianna de Alencar, estes projetos foram fundamentais para ajudar a criar a compreensão e gerar a demanda entre as pessoas e as populações que podem se beneficiar da PrEP.
“Como se observou em muitos outros entornos, incluindo países como Austrália, França, Tailândia e Reino Unido, as organizações da sociedade civil foram um catalisador para avançar na agenda da implementação da PrEP”, disse Tatianna.
Os projetos brasileiros que ofereceram PrEP até agora são PrEP Brasil – FIOCRUZ (Rio de Janeiro, São Paulo, Manaus e Porto Alegre); Projeto Combina – com a Universidade de São Paulo (cidades de São Paulo, Curitiba, Ribeirão Preto, Fortaleza e Porto Alegre) – PEP e PrEP em curso.
Outras iniciativas incluem Projeto PREPARADAS – FIOCRUZ: focado em mulheres trans (Rio de Janeiro); Projeto Horizonte – Universidade Federal de Minas Gerais (Belo Horizonte) – 3TC/FTC Fase I; Projeto Federal de Mulheres Trans da Universidade da Bahia – (Salvador): centrado na acessibilidade da PrEP.
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