Um homem que esfaqueou 90 vezes sua namorada canadense foi condenado à prisão perpétua pelo seu assassinato.
Jack Sepple, 23, matou Ashley Wadsworth, de 19 anos, em um ataque “brutal” no apartamento que dividiam na cidade de Chelmsford, condado de Essex, Reino Unido, em 1º de fevereiro.
A jovem é natural da Colúmbia Britânica, no Canadá, e conheceu Sepple online quando tinha apenas 12 anos, antes de se mudar para o Reino Unido no ano passado.
Segundo o promotor Simon Spence, ele assassinou Wadsworth depois de ficar “irritado pela decisão dela de retornar ao seu país natal, o Canadá”.
“Ele estrangulou e esfaqueou Ashley repetidamente e a deixou na cama que eles compartilhavam enquanto cuidava de suas tarefas diárias”, disse ele.
A autópsia apontou que a causa da morte foram facadas no peito.
Quando a polícia invadiu o apartamento, encontrou Sepple em uma ligação de vídeo com sua irmã, para quem “mostrava o corpo”, relatou o promotor.
Quando questionado pela polícia sobre suas ações, Sepple respondeu: “Fiquei psicótico, sinto muito”, acrescentando: “Eu a estrangulei e a esfaqueei”. Ele disse aos policiais que o crime havia acontecido “duas a três horas antes”.
Para o juiz responsável pelo caso, Edward Murray, ele cometeu um “ataque brutal e covarde” e “infligiu gratuitamente cerca de 90 feridas em seu corpo”.
Ele disse ainda que o assassinato aconteceu porque Sepple enfrentou a “perda iminente do controle sobre ela”.
O corpo da jovem apresentava ferimentos em seus pulsos, de quando tentou escapar do ataque, mas o restante das lesões estavam na área do peito.
‘Dor sem fim’
A mãe de Ashley, Christy Gendron, disse em sua declaração durante o processo de julgamento que “não estava muito feliz” com a viagem de sua filha para conhecer Sepple, “mas ela era adulta, então não pude impedi-la”.
“A paixão e o amor de Ashley por Jack acabariam por lhe custar a vida”, disse ela.
Ela disse no tribunal: “Este é um pesadelo do qual, graças a você, Jack, nunca vamos acordar”.
Seu pai, Ken Wadsworth, dirigiu-se diretamente ao réu durante o julgamento, dizendo-lhe: “Jack, você precisa saber e aceitar a brutalidade do que fez e a dor sem fim que causou à minha família”.
Segundo os depoimentos coletados pelo tribunal, o casal se conheceu online quando Ashley tinha 12 anos e Sepple tinha cerca de 15 anos. Eles tinham um relacionamento à distância, mas Sepple teve outros relacionamentos durante esse período.
A jovem se mudou para o Reino Unido em novembro, segundo as informações de seu perfil no Facebook, supostamente usando um visto de turismo.
Na manhã do assassinato, uma vizinha disse ter ouvido gritos de uma mulher. Depois disso Ashley foi até ela e lhe disse que Sepple “a havia espancado e jogado o gatinho contra a parede”.
Wadsworth estava “histérica” e disse que Sepple iria matá-la, mas Sepple se desculpou e parecia “calmo”, segundo a testemunha.
‘Terror’
Segundo a corte, o réu já tinha condenações anteriores, incluindo por assédio, violação de uma ordem de restrição ao entrar em contato com uma garota depois que ela terminou seu relacionamento online e agressão à mãe.
Spence, promotor, disse que Sepple tinha um “histórico claro de comportamento violento e controlador em relação às parceiras”.
Christopher Paxton, advogado de Sepple, disse que o assassinato aconteceu em meio a “uma crise no relacionamento” e que seu cliente admitiu o assassinato.
Cheryl Williams, dos Serviços de Procuradoria da Coroa, disse que Ashley estava “a apenas dois dias de voltar para casa quando foi morta”.
Ela afirmou ainda que o depoimento de uma testemunha detalhou “o comportamento tóxico e controlador de Sepple”.
O detetive Supt Scott Egerton, da polícia de Essex, disse que a família de Ashley “nunca poderia imaginar o terror que ela estava vivendo”.
‘Não havia nada que pudesse pará-la’
Ashley era como um avião supersônico humano, segundo sua mãe, Christy Gendron. “Ela era incrível. Curiosa, aventureira, gostava de esportes e estava sempre ao ar livre.”
“Tinha muita energia.” Quando criança, Ashley adorava andar a cavalo, esquiar e velejar.
Aos 12 anos, um amigo local a apresentou virtualmente a um menino inglês: Jack Sepple. E, durante sete anos, “foram amigos no Facebook”.
“Não era um relacionamento”, diz a mãe. “Eles iam e vinham, conversavam um pouco, à medida que cresciam ele saía com outras pessoas e eles paravam de se falar e assim por diante.”
Apesar de não terem conhecido o futuro namorado da filha pessoalmente, o rosto de Sepple fazia parte da vida da família no Canadá. Ele e Ashley conversavam sempre no FaceTime.
Ashley se tornou mórmon aos 18 anos depois de ter o que ela descreveu para sua mãe como um “momento de Deus”. Então, ela decidiu que queria se mudar para o Reino Unido para ficar com Sepple.
A mãe estava preocupada com a ideia. “Mas não havia nada que pudesse pará-la.”
“Ela sempre comparava todos os garotos que conhecia com Jack.”
“Pensei que a pior coisa que poderia acontecer seria ele ir mbora, o relacionamento não dar certo, e ela voltar para casa”, diz ela. “Assassinato nunca passou pela minha cabeça.”
Ashley havia levantado suas crescentes preocupações sobre o comportamento de Sepple com sua família e com a igreja mórmon da cidade para onde se mudou no Reino Unido.
Ela já havia, inclusive, reservado um voo de volta para o Canadá para 3 de fevereiro deste ano. Mas dois dias antes, Sepple a esfaqueou até a morte.
– Este texto foi publicado em BBC News