A doença de Parkinson é uma doença neurodegenerativa bem conhecida pelas suas características clínicas cardinais: tremor, bradicinesia e rigidez. A instabilidade postural, é comumente mencionada, embora geralmente ocorra mais tarde no curso da doença e, portanto, não está incluída em nenhum critério diagnóstico publicado para a doença.
A gravidade dos sintomas motores parece ser um preditor independente de mortalidade
Além das manifestações cardinais, há uma série de outras características motoras, como por exemplo: Hipomimia, distúrbios da fala, incluindo disartria, hipofonia e palilalia (repetição de uma frase ou palavra com rapidez crescente), disfagia, sialorréia, sacadas hipométricas, reflexo vestíbulo-ocular prejudicado, postura flexora, camptocormia (flexão anterior grave da coluna toracolombar), síndrome de Pisa (distonia axial subaguda com flexão lateral do tronco, cabeça e pescoço), dificuldade em virar na cama, marcha em pequenos passos, congelamento, entre outras. A maioria dessas características resulta de uma ou mais das manifestações cardinais.
Como você pode imaginar, o diagnóstico desta doença com suas manifestações motoras é impactante não só para o paciente, como para todos os seus familiares. Essas debilidades motoras vão aos poucos gerando restrições nas atividades da vida diária, como por exemplo: segurar uma xícara de café ou levanta-se da cama.
Dentre os tratamentos não farmacológicos, está a prática de atividade física, que precisa ser incentivada por todo profissional de saúde.
De acordo com um artigo publicado on-line na JAMA Neurology, a atividade física, independentemente da intensidade do exercício, está associada à redução da mortalidade por TODAS as causas entre indivíduos com doença de Parkinson.
Usando dados do Sistema Nacional de Seguro de Saúde da Coreia, o Dr. Yoon e colegas analisaram dados de 10.699 indivíduos recém-diagnosticados com doença de Parkinson entre 1º de janeiro de 2010 e 31 de dezembro de 2013. A coorte deveria ter comparecido a exames de saúde dentro de dois anos antes e depois receber o diagnóstico para avaliar a associação entre manutenção da atividade física e mortalidade. Os pesquisadores excluíram indivíduos com menos de 40 anos e aqueles com dados incompletos.
A equipe de pesquisa coletou os dados sobre atividade física usando questionários estruturados com auto relatos, semelhantes ao formulário International Physical Activity Questionnaire-Short, os participantes foram questionados quantos dias por semana eles passaram realizando cada atividade por nível de intensidade.
- Foi considerado atividade física de alta intensidade: corrida, aeróbica, ciclismo e escalada, por mais de 20 minutos.
- Atividades de intensidade moderada: caminhada rápida e andar de bicicleta em velocidade normal por mais de 30 minutos.
- Atividades de intensidade leve como caminhada de ida e volta do trabalho ou lazer, por mais de 30 minutos.
- Existem várias limitações para grandes estudos de coorte retrospectivos como este, principalmente porque muitas variáveis de confusão não podem ser contabilizadas, mas a força do estudo é seu grande tamanho de amostra e generalização.
Alguns resultados interessantes:
Observou-se redução significativa do risco de mortalidade em indivíduos com doença de Parkinson que eram fisicamente ativos em comparação com aqueles que eram fisicamente inativos para todos os níveis de intensidade.
Indivíduos com doença de Parkinson que eram fisicamente ativos antes e depois do diagnóstico de doença de Parkinson apresentaram a maior redução na taxa de mortalidade para todas as intensidades de atividade física, aqueles que mantinham atividade física vigorosa tiveram uma razão de risco para mortalidade por todas as causas de 0,66, enquanto aqueles que praticavam exercício de intensidade menor obteve de 0,76.
Indivíduos que iniciaram o exercício após receber o diagnóstico de doença de Parkinson apresentaram menor taxa de mortalidade do que aqueles que permaneceram fisicamente inativos.
Os pacientes que se tornaram inativos após receber o diagnóstico de doença de Parkinson não tiveram uma taxa de sobrevida significativamente melhor do que os indivíduos com doença de Parkinson que estavam continuamente inativos, apesar de serem fisicamente ativos antes de receberem o diagnóstico.
Pacientes com doença de Parkinson que foram fisicamente ativos durante toda a vida e podem manter essa atividade apesar do diagnóstico apresentam melhor sobrevida, mas aqueles que iniciam o exercício após o diagnóstico também se beneficiam. E aqueles que se tornaram inativos apesar de serem ‘ativos’ anteriormente se saíram tão mal quanto os ‘não ativos’.
Podemos observar como é importante encorajar nossos pacientes com doença de Parkinson a fazer exercícios, mesmo que não sejam ‘ativos’ previamente. Devemos dar como orientação aos nossos pacientes uma ‘receita’ para se exercitar, não importa onde eles estejam em sua doença. A questão da ‘dose’, tipo e nível de manutenção do exercício que é mais benéfico para pacientes com doença de Parkinson ainda permanece sem resposta.
Diferentes tipos de atividade física demonstraram ser benéficos, incluindo ciclismo, boxe, exercícios em esteira, treinamento de força, tai chi, dança de salão entre outros.
Os pacientes devem adotar um programa de atividade física e ter como objetivo 150 minutos de intensidade moderada por semana, mas mesmo que ainda não estejam lá, algum exercício é melhor do que nenhum.
Fonte: Portal PEBMED