A legalização da maconha já é uma realidade em diversos países, principalmente em razão dos usos medicinais que a ciência já mostrou que a erva pode ter. Embora alguns de seus benefícios médicos possam ser exagerados por defensores da legalização, pesquisas recentes demonstraram que há usos médicos legítimos para a maconha e razões fortes para continuar estudando os usos medicinais da droga.
Existem pelo menos dois produtos químicos ativos na maconha que os pesquisadores acreditam ter aplicações medicinais. O canabidiol (CBD), que parece ter efeitos no cérebro, e o tetrahidrocanabinol (THC), que tem propriedades de alívio da dor.
O fato de pesquisas sobre a maconha serem limitadas faz com que os cientistas ainda não saibam exatamente todos os efeitos positivos para a saúde que ela pode ter. Além do CBD e do THC, existem mais de 400 compostos químicos na maconha que poderiam ter usos médicos. Abaixo, estão algumas das doenças que podem ser combatidas com o uso da maconha. Alguns deles são bem conhecidos, enquanto outros precisam de mais pesquisas para ser comprovados.
18. Dor crônica e espasmos musculares
Um relatório recente das Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina dos EUA afirma que há evidências definitivas de que a cannabis ou os canabinóides (que são encontrados na planta da maconha) podem ser um tratamento eficaz para a dor crônica.
O relatório diz que este é “de longe” o motivo mais comum pelo qual as pessoas solicitam a maconha medicinal.
Esse mesmo relatório afirma que há evidências igualmente fortes de que a maconha pode ajudar com espasmos musculares relacionados à esclerose múltipla. Outros tipos de espasmos musculares também respondem ao tratamento. Espasmos de diafragma, por exemplo, que não são tratados por outros medicamentos prescritos, podem ser tratados com a cannabis.
17. Melhora da capacidade pulmonar
Há uma quantidade razoável de evidências de que a maconha não prejudica os pulmões, a menos que você também fume tabaco. Um estudo publicado no Journal of the American Medical Association descobriu que não só a maconha não prejudica a função pulmonar, mas também pode aumentar a capacidade dos pulmões.
Procurando fatores de risco de doença cardíaca, pesquisadores testaram a função pulmonar de 5.115 jovens adultos ao longo de 20 anos. Os fumantes de tabaco perderam a função pulmonar ao longo do tempo, mas os usuários de maconha mostraram um aumento na capacidade pulmonar, mesmo que fumassem apenas algumas vezes por mês, como era o caso.
É possível que o aumento da capacidade pulmonar seja devido a respirações profundas feitas durante o fumo, e não por causa de algum produto químico terapêutico na droga.
Os estudos apontam que mesmo quem fuma maconha com frequência não tem problemas nos pulmões. Uma pesquisa mais recente de pessoas que fumavam diariamente por até 20 anos não encontrou nenhuma evidência de que fumar maconha também prejudicasse seus pulmões. O relatório das Academias Nacionais diz que existem bons estudos que mostram que os usuários de maconha não são mais propensos a ter tipos de câncer geralmente associados ao fumo.
16. Glaucoma
Nos 29 estados americanos em que a maconha foi legalizada, uma das razões mais comuns para a permissão é o uso da erva para o tratamento e a prevenção do glaucoma, doença que aumenta a pressão no globo ocular, danificando o nervo óptico e causando perda de visão.
“Estudos no início da década de 1970 mostraram que a maconha, quando fumada, reduz a pressão intra-ocular (PIO) em pessoas com pressão normal e com glaucoma”, diz o National Eye Institute, nos EUA.
Por enquanto, o consenso médico é que a maconha só diminui a PIO por algumas horas, o que significa que não existem evidências de ela pode funcionar como um tratamento a longo prazo agora. Os pesquisadores esperam que talvez um composto baseado em maconha que faça essa diminuição durar mais possa ser desenvolvido.
15. Crises epiléticas
Alguns estudos mostraram que o canabidiol (CBD) parece ajudar pessoas com epilepsia resistentes aos tratamentos comuns.
No entanto, apesar dos relatos dizendo que a cannabis é a única coisa que funciona no tratamento de algumas pessoas, não há muitos estudos sérios sobre o assunto. Os pesquisadores dizem que são necessário mais dados antes de sabermos quão eficaz é a maconha neste tipo de tratamento.
14. Síndrome de Dravet
Durante a pesquisa para seu documentário “Weed”, o neurocirurgião americano Sanjay Gupta entrevistou a família Figi, que tratou sua filha de 5 anos usando uma cepa de maconha medicinal com altos índices de canabidiol e baixos em THC.
A filha da família Figi, Charlotte, tem síndrome de Dravet, uma doença que causa convulsões e atrasos de desenvolvimento severos. De acordo com o filme, a droga diminuiu suas convulsões de 300 por semana para apenas uma a cada sete dias. Quarenta outras crianças no estado estavam usando a mesma cepa de maconha para tratar suas convulsões quando o filme foi feito, e parecia estar funcionando.
Os médicos que recomendaram este tratamento disseram que o canabidiol na planta interage com células cerebrais para silenciar a atividade excessiva no cérebro que causa essas convulsões.
Gupta observa, no entanto, que um hospital da Flórida que se especializa na desordem, a Academia Americana de Pediatria e a Agência de Controle de Drogas não endossam a maconha como um tratamento para Dravet ou outros distúrbios convulsivos.
13. Câncer
O CDB pode ajudar a evitar que o câncer se espalhe, segundo um estudo feito por pesquisadores do California Pacific Medical Center, nos EUA, em 2007. Outros estudos muito preliminares sobre tumores cerebrais agressivos em camundongos ou culturas de células mostraram que THC e CBD podem desacelerar ou diminuir os tumores.
Um estudo de 2014 descobriu que a maconha pode retardar significativamente o crescimento do tipo de tumor cerebral associado a 80% do câncer cerebral maligno em pessoas.
São necessárias mais pesquisas para descobrir se essas descobertas em culturas celulares e animais têm o mesmo efeito nas pessoas.
12. Ansiedade
Os pesquisadores sabem que muitos usuários de cannabis consomem maconha para relaxar, mas também que muitas pessoas dizem que fumar demais pode causar ansiedade. Então cientistas realizaram um estudo para encontrar a quantidade certa de maconha para acalmar as pessoas.
De acordo com Emma Childs, professora de psiquiatria na Universidade de Illinois, nos EUA, e autora do estudo, o THC em baixas doses reduz o estresse, enquanto doses mais elevadas tiveram o efeito oposto. No entanto, as pessoas podem reagir de forma diferente em situações diferentes.
11. Mal de Alzheimer
A maconha pode diminuir a progressão do mal de Alzheimer, sugere um estudo de 2006, publicado na revista Molecular Pharmaceutics. A pesquisa descobriu que o THC retarda a formação de placas amilóides, bloqueando a enzima no cérebro que as produz. Essas placas matam células cerebrais e estão associadas ao Alzheimer.
Uma mistura sintética de CBD e THC também pareceu preservar a memória em ratos com Alzheimer. Outro estudo sugeriu que um medicamento baseado em THC chamado dronabinol foi capaz de reduzir os distúrbios comportamentais em pacientes com demência.
Todos esses estudos estão em estágios muito precoces, porém, e mais pesquisas são necessárias.
10. Esclerose múltipla
A maconha pode aliviar os sintomas dolorosos da esclerose múltipla, de acordo com um estudo publicado no Canadian Medical Association Journal.
Trinta pacientes com esclerose múltipla com contrações dolorosas em seus músculos participaram do teste. Esses pacientes não respondiam a outros tratamentos, mas depois de fumar maconha durante alguns dias, eles relataram estar com menos dor.
O THC na maconha parece se ligar aos receptores nos nervos e músculos para aliviar a dor.
9. Hepatite C
O tratamento para a hepatite C é difícil. Os efeitos colaterais incluem fadiga, náuseas, dores musculares, perda de apetite e depressão. Isso pode durar meses e acabar levando muitas pessoas a interromper o tratamento.
Mas um estudo de 2006 no European Journal of Gastroenterology and Hepatology descobriu que 86% dos pacientes que usavam maconha o completaram com sucesso. Apenas 29% dos não fumantes completaram, possivelmente porque a maconha ajuda a diminuir os efeitos colaterais.
A maconha também parece melhorar a eficácia do tratamento: 54% dos pacientes com hepatite C, fumando maconha, reduziram seus níveis de vírus e os mantiveram baixos, em comparação com apenas 8% dos não fumantes.
8. Doenças inflamatórias intestinais
Pacientes com doenças inflamatórias intestinais como a doença de Crohn e colite ulcerativa podem se beneficiar do uso de maconha, sugerem alguns estudos.
Os pesquisadores da Universidade de Nottingham, na Inglaterra, descobriram em 2010 que produtos químicos presentes na erva, incluindo THC e canabidiol, interagem com células do corpo que desempenham um papel importante na função intestinal e nas respostas imunes.
O corpo faz compostos que aumentam a permeabilidade dos intestinos, permitindo que bactérias entrem. Mas os canabinoides na maconha bloqueiam esses compostos, tornando as células intestinais mais unidas, deixando-as menos permeáveis.
Novamente, mais estudos são necessários para comprovar a eficácia da erva no tratamento destas doenças.
7. Artrite
Segundo uma pesquisa de 2011, a maconha alivia a dor, reduz a inflamação e promove o sono, o que pode ajudar a aliviar a dor e o desconforto para pessoas com artrite reumatóide.
Pesquisadores de unidades de reumatologia em vários hospitais deram aos pacientes Sativex, um medicamento para aliviar a dor baseado em canabinoides. Após um período de duas semanas, estes pacientes tiveram uma redução significativa na dor e melhoraram a qualidade do sono, em comparação com outros usuários, que tomaram apenas um placebo.
Outros estudos descobriram que os canabinoides derivados da planta e mesmo a maconha inalada podem diminuir a dor da artrite.
6. Obesidade
Um estudo publicado no American Journal Of Medicine sugeriu que os fumantes de maconha são mais magros do que a média e têm um metabolismo e uma reação mais saudáveis aos açúcares, mesmo que acabem comendo mais calorias.
O estudo analisou dados de mais de 4.500 adultos americanos – 579 dos quais eram fumantes de maconha atuais, o que significa que eles haviam fumado no último mês. Cerca de 2.000 participantes haviam usado a droga no passado, enquanto outros 2.000 nunca haviam a ingerido.
Os pesquisadores estudaram como os corpos dos participantes responderam ao consumo de açúcares. Eles mediram os níveis de açúcar e de insulina no sangue depois que os participantes não haviam comido durante nove horas e depois de terem comido açúcar.
Os usuários de maconha eram mais magros e seus corpos apresentavam uma resposta mais saudável ao açúcar.
5. Mal de Parkinson
Uma pesquisa feita em Israel descobriu que fumar maconha reduz significativamente dor e tremores e melhora o sono para pacientes com Mal de Parkinson. O impressionante foi a melhoria das habilidades motoras finas entre os pacientes.
A maconha medicinal é legal em Israel para o tratamento de diversas doenças, e o país tem muitas pesquisas sobre os usos médicos da cannabis.
4. Estresse pós-traumático
Em 2014, o Departamento de Saúde Pública do Colorado, nos EUA, concedeu 2 milhões de dólares à Associação Multidisciplinar de Estudos Psicodélicos (um dos maiores defensores da pesquisa de maconha) para estudar o potencial da maconha para ajudar pessoas com transtorno de estresse pós-traumático.
Os canabinoides de ocorrência natural, semelhantes ao THC, ajudam a regular o sistema que causa medo e ansiedade no corpo e no cérebro.
A maconha é aprovada para tratar esta condição em alguns estados americanos – no Novo México, por exemplo, o estresse pós-traumático é o principal motivo para que as pessoas obtenham uma licença para a maconha medicinal.
3. Acidente vascular cerebral
Pesquisas da Universidade de Nottingham mostram que a maconha pode ajudar a proteger o cérebro de danos causados por acidentes vasculares cerebrais, reduzindo o tamanho da área afetada – pelo menos em animais como ratos e macacos.
Esta não é a única pesquisa que mostrou efeitos neuroprotetivos da cannabis. Algumas pesquisas mostram que a planta pode ajudar a proteger o cérebro após outros tipos de trauma cerebral, e até mesmo proteger o cérebro de concussões e traumatismos.
Lester Grinspoon, professor de psiquiatria em Harvard e defensor da maconha, escreveu recentemente uma carta aberta ao Comissário Roger Goodell, da NFL. Nela, ele disse que a NFL deveria parar de testar o uso de maconha nos testes antidoping e que, em vez disso, a liga deveria começar a investigar a capacidade da planta para proteger o cérebro.
“Muitos médicos e pesquisadores acreditam que a maconha tem propriedades neuroprotetoras incrivelmente poderosas, uma compreensão baseada em dados laboratoriais e clínicos”, escreveu Grinspoon. Goodell disse que consideraria permitir que os atletas usassem maconha se a pesquisa médica demonstrar que é um efetivo agente neuroprotetor.
Pelo menos um estudo recente sobre o tema descobriu que os pacientes que haviam usado a erva tinham menos chances de morrer por conta de lesões cerebrais traumáticas.
2. Quimioterapia
Um dos usos médicos mais conhecidos da maconha é para pessoas que passam por quimioterapia. Pacientes com câncer tratados com quimioterapia sofrem de náuseas dolorosas, vômitos e perda de apetite. Isso pode causar complicações de saúde adicionais.
A maconha pode ajudar a reduzir esses efeitos colaterais, aliviar a dor, diminuir a náusea e estimular o apetite. Existem também vários fármacos canabinoides que utilizam THC para o mesmo propósito.
1. Alcoolismo
A maconha é mais segura do que o álcool. Isso não quer dizer que ela seja livre de riscos, mas a cannabis é muito menos viciante do que o álcool e não chega perto de causar tanto dano físico.
Distúrbios como o alcoolismo envolvem interrupções no sistema endocanabinoide. Por isso, algumas pessoas acreditam que a cannabis pode ajudar os pacientes que estão lutando com esses distúrbios.
Pesquisas publicadas no Harm Reduction Journal descobriram que algumas pessoas usam a erva como um substituto menos nocivo para o álcool, medicamentos prescritos e outras drogas ilegais. Algumas das razões mais comuns pelas quais os pacientes fazem essa substituição são que a maconha tem menos efeitos colaterais negativos e é menos provável que cause problemas de abstinência.
Algumas pessoas podem se tornar psicologicamente dependentes da maconha, e ela não é uma cura para problemas com abuso de substâncias. Mas, do ponto de vista da redução de danos, pode ajudar.
Ainda assim, vale a pena notar que combinar maconha e álcool pode ser perigoso. [Business Insider]
FONTE : HYPISCIENCE