Morte de Paulo Vaz, casado com Pedro HMC, levanta debate sobre transfobia e ódio na internet

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Ainda não há informações detalhadas sobre a causa da morte, mas há suspeita de que ele tenha cometido suicídio.

Paulo Vaz, o Popó, e seu marido Pedro HMC

O influencer e policial civil Paulo Vaz, mais conhecido como Popó Vaz, de 37 anos, foi encontrado morto nesta segunda-feira (14). Ele era um dos únicos homens transexuais em carreira na polícia no Brasil. A sua morte foi confirmada nas redes sociais pela agência Mosaico, que fazia o gerenciamento de sua carreira.

Ainda não há informações detalhadas sobre a causa da morte do influencer, mas há suspeita de que ele tenha cometido suicídio. Popó era casado com Pedro HMC, youtuber do canal Põe na Roda.

A morte do policial suscitou um debate nas redes sociais sobre comentários de ódio na internet, principalmente ataques transfóbicos. Popó e Pedro foram duramente criticados após a publicação de um vídeo íntimo do youtuber. O casal, no entanto, tinha um relacionamento aberto e sempre deixou claro que poderiam se envolver com outras pessoas.

“O Paulo Vaz faleceu e isso me lembra q em 2018 a Antra publicou no site que 85,7% dos homens trans já pensaram em suicidio e/ou tentaram cometer o ato. Isso não eh um caso isolado, me faz lembrar a morte do demetrio tbm e tantes outres q se foram. Parece q nossa vida n vale nada”, escreveu um internauta.

“Não responsabilizem o Pedro HMC pelo que aconteceu com o Paulo Vaz, SE RESPONSABILIZEM!! Depois do vídeo de ontem eu li horrores de comentários TRANSFÓBICOS!! Não sabemos o real gatilho, mas mais uma vez a própria ‘comunidade’ ridicularizou uma pessoa trans!”, disse outro.

Em um artigo enviado à Revista Fórum, Daniel Miyagi lamentou a morte de Popó e fez um relato pessoal sobre como é ser uma pessoa LGBTQIA+ no Japão, onde mora. “Diariamente, pessoas trans são assassinadas ou sofrem transfobia nas redes sociais. Muitos não aguentam a pressão e cometem suicídio ou entram numa depressão profunda, sendo que não somos nós que somos errados, mas diariamente vemos, sentimos, ouvimos agressões verbais e/ou físicas, que aguentamos bravamente”, desabafou.

“Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é. Mas o mundo é regido predominantemente por homens heteros cis, ocidentais, brancos e ricos”, afirmou.

Suicídio entre pessoas trans preocupa

No primeiro semestre de 2019, foram registrados 12 suicídios de pessoas transgênero no Brasil. Já no mesmo período de 2020, foram 16 suicídios mapeados, representando um aumento de 34% em relação ao mesmo período do ano anterior, sendo 6 homens trans/transmasculines e 10 travestis/mulheres trans. Os dados são da Associação Nacional de Travestis e Transexuais.

De acordo com a Antra, estima-se que 42% da população trans já tentou suicídio. Um relatório chamado “Transexualidades e Saúde Pública no Brasil”, do Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT e do Departamento de Antropologia e Arqueologia, revelou que 85,7% dos homens trans já pensaram em suicídio ou tentaram cometer o ato.

Segundo a Associação, o tema é um tabu que precisa ser discutido no Brasil. Isso porque a maioria dos homens trans já passou por violência verbal, institucional e física. Grande parte do sofrimento psíquico vem da discriminação que existe nos equipamentos de saúde, na educação e na própria família.

“Simplesmente não se pode negar tratamento a um grupo altamente estigmatizado que tem uma prevalência de 42 a 46% de tentativas de suicídio, comparado a 4,6% da população em geral”, alerta a Antra.

 

FONTE: FORUM

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