Seu mau uso faz com que as bactérias sejam cada vez mais difíceis de controlar. Na Espanha, 3.000 vítimas já morreram e as previsões para 2050 são assustadoras
Nesta semana, foi celebrado o Dia Europeu do Uso Prudente de Antibióticos . Eu digo “comemorar” dizendo algo, porque a previsão é apocalíptica. Em 2050, estima-se que haverá mais mortes por superbactérias resistentes a antibióticos do que por câncer. E não há necessidade de viajar para o futuro: na Espanha esse problema já tira 3.000 vidas por ano. 50% a mais que os habitantes da minha cidade, se você me perdoar a comparação anedótica.
QUAIS SÃO OS SUPERBACTÉRIAS?
São bactérias resistentes à maioria dos antibióticos. Se você tiver a má sorte de ser infectado por eles, é possível que o antibiótico faça cócegas na superbactéria. Ele seguirá seu próprio plano de dominar o corpo e a infecção poderá progredir com um resultado fatal: septicemia e morte. (Eu sei, estou ficando um pouco dramático).
COMO SE FORMAM AS SUPERBACTÉRIAS?
Imagine antibióticos como combatentes que atacam bactérias. Eles identificam cada bactéria por algumas características específicas e, quando vêem seu alvo claro, o carregam. O problema aparece quando não fazemos bom uso de antibióticos. Por exemplo, quando estamos melhores no meio do tratamento e deixamos a caixa no meio do caminho.
Se não terminarmos, damos às bactérias meio mortas a chance de aprender a se defender contra o antibiótico. É como se nosso corpo se tornasse uma academia onde as bactérias possam treinar contra combatentes. Também ocorre quando usamos antibióticos para doenças virais, como gripe ou resfriado. Lembre-se de que antibióticos matam bactérias, mas não vírus.
SUPERBACTÉRIAS: OS SUPER-HERÓIS DO MAL
À medida que aprendem a se defender, as bactérias “sofrem mutações” e adquirem novos poderes, como os super-heróis da Marvel. Estes são alguns dos seus favoritos:
1. Eles colocam um escudo e impedem a entrada do antibiótico no interior.
2. Eles disfarçam e mudam de aparência para que os antibióticos não os reconheçam (como se usassem óculos de sol e uma peruca para passar despercebidos).
3. Eles usam repelentes. Sim, as bactérias aprendem a fazer uma substância que neutraliza o antibiótico.
Superbactérias podem aprender duas ou três superpotências ao mesmo tempo. E se isso não bastasse, eles são muito corporativistas e passam os super poderes um do outro. A superbactéria que sabe como usar o escudo contra antibióticos ensina a superpotência à superbactéria que o repelente descobriu. E ao contrário. Com tanta mutação e superpotência, o filme que podemos assistir em 2050 não será a Marvel, mas o horror.
BACTERIÓFAGOS VS. SUPERBACTÉRIAS: A BATALHA
Imagine um bacteriófago como uma aranha empoleirada nas bactérias, com a cabeça no topo. Abaixo, estende as pernas como tentáculos e se liga à superfície das bactérias para injetar seu DNA. Para que? Para reproduzir e transmitir seu mal! Dentro da bactéria nascem muitos novos faguitos. Eles se reproduzem como loucos até não caberem mais e a bactéria explodir: “BOOOOOM!” No processo, ele morre libertando seus filhos , que também são fagos e infectam outra célula. Em resumo, os bacteriófagos podem ser um plano B para superbactérias.
A LUTA CONTRA SUPERBACTÉRIAS PODE SER UMA “BRINCADEIRA DE CRIANÇA”
A Small World Initiative (SWI) é um projeto de ciência cidadã que nasceu na Universidade de Yale. Foi adotado como pioneiro na Europa na Faculdade de Farmácia da Universidade Complutense de Madri, sob o nome de MicroMundo . Embora o crowdfunding seja uma iniciativa de colaboração do cidadão para arrecadar dinheiro, essa iniciativa é chamada de crowdsourcinge busca a colaboração do cidadão para coletar bactérias.
Na Espanha, mais de 500 estudantes do ensino médio e do ensino médio coletaram bactérias dos locais mais suspeitos de placas. As bactérias são então semeadas em laboratório, juntamente com super bactérias, para ver se a flauta soa por acaso – algo como o que aconteceu com Alexander Fleming com penicilina – e novos antibióticos são descobertos. O projeto tem uma dupla função: encontrar novos antibióticos e despertar vocações científicas entre os jovens.
PARE COM AS SUPERBACTÉRIAS: COISA DE TODO MUNDO
É verdade que do governo, indústria ou hospitais, mais medidas devem ser implementadas para combater as superbactérias. Mas também é verdade que nós, que no final somos as academias onde as bactérias são treinadas, temos muito a fazer. Mais de 90% dos médicos no Reino Unido afirmam ter prescrito medicamentos desnecessariamente devido à pressão do próprio paciente. Por favor, nunca pressione a consulta ou a farmácia. Antibióticos sempre sob prescrição médica. É aconselhamento do seu farmacêutico.
FONTE: https://www.elmundo.es/
