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segunda-feira, outubro 7, 2024

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#MãesnaSaúde: “Quando chego em casa são 2 horas até poder abraçar minhas filhas”, diz enfermeira sobre ritual de higienização

O coronavírus mudou a rotina das pessoas no mundo todo, mas, para os profissionais da saúde, os impactos são ainda maiores. Na linda de frente da pandemia, muitos estão se contaminando e colocando não só suas vidas, mas de todos da família em risco para salvar quem eles ao menos conhecem.

Geórgia durante o trabalho: roupas, luvas, máscara e protetor facial (Foto: Arquivo Pessoal)

Geórgia durante o trabalho: roupas, luvas, máscara e protetor facial (Foto: Arquivo Pessoal)

Um boletim divulgado esta semana pelo Comitê Gestor de Crises do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) mostrou que 75 enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem morreram devido ao Covid-19. O número já é maior do que casos vistos entre os profissionais da área na Itália (35) e na Espanha (quatro), que estão entre os países mais acometidos pelo coronavírus. Isso sem contabilizar os dados de outros profissionais da saúde, como médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, técnicos de radiologia e tantos outros que trabalham em hospitais e clínicas e que estão lutando nesta pandemia.

Por isso, a partir de hoje, em uma homenagem a esses profissionais, CRESCER lança o especial #MãesnaSaúde para contar história de guerreiras que estão no front, na luta diária para salvar vidas, enquanto muitas vezes cuidam dos seus filhos a distância.

Geórgia Alcântara Alencar Melo, 35 anos, é enfermeira, trabalha com hemodiálise e atende pacientes em hospitais de toda a rede pública municipal de Fortaleza, no Ceará. Mas ela também é mãe de duas meninas — uma de 2 e outra de 9 anos. O marido é médico e também trabalha na área da saúde — o que deixa a família ainda mais preocupada. Em entrevista à CRESCER, Geórgia contou como tem sido sua rotina desde a chegada do vírus, seus medos e angústias.

Ela mostra as marcas deixadas pela máscara que precisa usar diariamente (Foto: Arquivo pessoal)

“Desde o início da pandemia, fico impressionada cada vez que uma pessoa comenta que não tem nada para fazer. Para mim, tem sido exatamente o contrário. Nunca trabalhei tanto na minha vida, pois muitos pacientes que contraem Covid-19, acabam desenvolvendo disfunção renal — mesmo aqueles que não tinham nenhuma alteração renal anterior, passam a necessitar de diálise. Então, o número de procedimentos aumentou muito, apesar de a quantidade de funcionários permanecer a mesma. Apenas um atendimento de diálise dura 4 horas. Então, passo 4 horas ao lado de um paciente com Covid dentro de uma sala fechada. Isso me preocupa muito. Antes de entrar no quarto, preciso vestir avental, máscara, luvas, touca e protetor ocular, que parece um capacete. A gente brinca no trabalho que parecemos astronautas! Para chegarmos próximos a um paciente, precisamos estar paramentados, e a cada atendimento, é preciso trocar toda a roupa. A porta também precisa estar fechada. Como não há ventilador, ar condicionado ou ventilação — já que atendo a rede pública — o calor incomoda muito. Derretemos dentro da roupa, mas esse não é o único problema. Psicologicamente, também é muito difícil. A gente precisa se preparar mentalmente antes de cada turno de trabalho, pois sabemos que aquelas pessoas precisam da gente. 

A maioria dos pacientes (cerca de 85%) já está intubado. Isso porque, geralmente, a descompensação renal vem após a respiratória — a não ser aqueles que já possuem problemas renais crônicos e pegou o Covid posteriormente. Então, costumo receber os pacientes sempre muito debilitados. Buscamos fazer o melhor atendimento possível, mas sabemos que, por conta da precariedade da quantidade de EPI’s na rede pública, por vezes, é necessário limitar a frequência com que se entra no leito do paciente. Afinal, cada entrada significa uma nova vestimenta. O que percebo também é que como as portas precisam estar fechadas, muitas vezes os pacientes graves acabam indo a óbito e só se percebe depois, pois é impossível ter alguém no quarto por 24 horas. No nosso grupo são vinte técnicas. Cinco delas já se contaminaram, mas, Graças a Deus, todas estão recuperadas. Por outro lado, é impossível não sentir medo das consequências que esse vírus pode trazer. Aqui em Fortaleza, do lado de fora das UPAS, foram montados espaços para a colocação de corpos, já que os necrotérios não estão dando conta. Então, você está vendo aquilo o tempo todo. São carros de funerária chegando e saindo a todo momento enquanto você trabalha. 

Já em casa, é um verdadeiro ritual, assim como no hospital. Já separei três mudas de roupa e só uso elas para trabalhar. Saio de casa com o celular já embalado no plástico filme, o cabelo amarrado e com touca. Antes de descer do carro, no hospital, já coloco a máscara e uma primeira luva, que é como se fosse a minha pele. Fico com ela durante todo o tempo que permaneço no trabalho e, quando preciso fazer um procedimento, coloco outra luva em cima daquela. Ao lado do paciente, uso toda a paramentação adequada e, antes de ir embora, tomo banho, troco toda a roupa e coloco uma nova luva. Depois de abrir a maçaneta do carro, descarto a luva e coloco outra. Quando chego na garagem de casa, higienizo todo o carro, caso minhas filhas precisem entrar nele. Ao entrar pela porta de casa, fico completamente nua. Coloco toda a minha roupa dentro de uma bacia com desinfetante e deixo de molho. Antes das minhas filhas se aproximarem, vou correndo para o banheiro tomar banho. Uso papel higiênico, que deixo do lado fora, para abrir a maçaneta. Esfrego bem o meu rosto, que é o local que fica mais exposto e certamente entra em contato com o vírus. Lavo pedacinho por pedacinho do meu corpo. Uso a toalha apenas uma vez e já coloco para lavar. Passo cotonete no ouvido e faço lavagem nasal. Todo esse ritual, do momento em que chego em casa até poder abraçar minhas filhas, demora 2 horas, todos os dias.

+ Covid-19: enfermeira que deu à luz em estado crítico, conhece o filho

Eu desafio qualquer pessoa da área da saúde a dizer que está bem mentalmente, porque não é fácil. Não é fácil ver as pessoas se arriscando na rua, enquanto estamos dando tudo o que podemos, porque sabemos que elas serão nossos futuros pacientes. Mas, o que me segura é a certeza de que Deus nunca abandona. Minhas filhas estão em casa, sem aula. A mais nova, inclusive, não vai retornar. A gente entende que o melhor a fazer por ela, nesse momento, é não expô-la até o final do ano. Quanto a mais velha, ainda não decidimos. Tenho uma pessoa que me ajuda em casa, ainda bem, pois, preciso trabalhar. Eu acho que o futuro depende muito e exclusivamente de cada um de nós. As pessoas precisam se sensibilizar e permanecer em casa, seguindo todas as recomendações. Mas, infelizmente, acho que elas só vão começar a ter noção da real necessidade quando verem pessoas próximas infectadas. E como será o meu Dia das Mães? Vai ser fortalecendo minha ‘igreja doméstica’, ao lado de minha duas filhas e de meu marido, em casa.”

+ Enfermeira e mãe de três morre de Covid dois anos antes de se aposentar

Geórgia com o marido e as filhas (Foto: Arquivo Pessoal)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

FONTE: REVISTA CRESCER

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