Márcio Bernik afirmou que cogitar transtorno de ansiedade no primeiro atendimento é algo bom, mas que exige cuidados
O diagnóstico de transtorno de ansiedade é algo que requer alguns cuidados, segundo explicou o médico psiquiatra Márcio Bernik.
Um painel de especialistas médicos dos Estados Unidos recomendou pela primeira vez que profissionais da saúde verifiquem todos os pacientes adultos com menos de 65 anos quanto à ansiedade.
Bernik, que é coordenador do programa de ansiedade do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, afirmou que os sintomas iniciais, como, por exemplo, batimentos cardíacos elevados não são associados imediatamente com um transtorno de saúde mental.
“Faz parte evitar que seja uma patologia grave, mas uma vez que descarta uma causa orgânica clara, cogitar transtorno de ansiedade é algo bom”, disse.
Ao mesmo tempo, ele lembrou que é preciso que sejam levados em consideração alguns cuidados.
“Um médico de pronto-socorro apenas dispensar o paciente e dizer que ele não tem nada, não é o ideal, assim como eventualmente um médico sem experiência em transtornos psiquiátricos iniciar o tratamento.”
Neste caso, o psiquiatra destaca que o profissional de saúde deve identificar no primeiro atendimento e, então, encaminhar para um local, seja UBS ou consultório, com os recursos apropriados.
Márcio Bernik defende que há resistência das pessoas para buscar tratamento para questões de saúde mental.
“Muitas das doenças mentais não dão sinais visíveis, como por exemplo sarampo, que tem febre alta e lesões na pele, mas elas não são vencidas com boa vontade”, alertou.
De acordo com o médico, mesmo quadros de depressão profunda trazem reações como pessoas dizendo para o paciente reagir.
“Do ponto de vista prático, o custo de comprimidos é ínfimo, mas a questão é disponibilidade de psicoterapia e psiquiatria”, completou.
Texto foi publicado originalmente em CNN
*Com produção de Isabel Campos