Marcos Moraes conta o preconceito ao optar pela cannabis medicinal: “Você está fumando maconha liquida”, diziam. Ele respondia: “Não, estou tomando uma medicação alternativa”
O advogado e contador, Marcos Moraes, já não aguentava o desconforto durante o dia e os incômodos que prejudicavam as noites de sono ao lado da esposa. Após consulta médica, os exames de monitoramento diagnosticaram a apneia do sono. O problema era causado pela ATM – disfunção da articulação temporomandibular. O uso da cannabis medicinal foi a solução que antes ele nunca havia considerado para tratar a doença.
“Não passava pela minha cabeça fazer esse tratamento. Eu venho literalmente sentindo bastante melhora. Não só do alívio dessa dor e peso como também de sonos mais tranquilos e um acordar mais disposto”, afirmou.
Porém, não foi tão rápido descobrir o tratamento com o medicamento à base de cannabis.
A origem
No caso do Marcos, as tensões provocavam o movimento da mandíbula e, consequentemente, acontecia o estrangulamento da traqueia que impedia a passagem do oxigênio. Condições que deram origem a apneia do sono.
O primeiro tratamento indicado para sanar a origem da indisposição ao acordar, foi um aparelho chamado CPAP nasal. Ele emite um fluxo de ar ininterrupto nas narinas que permite que o paciente não tenha bloqueio da respiração durante o sono.
Segundo Marcos, esse não era o tratamento mais desejado porque seria necessário prender uma máscara no rosto para servir de suporte para o tubo de oxigênio preso ao nariz. Uma experiência que ele não gostaria de ter ao dormir.
“Além de não ser tão simples de usar e barato, tem todo o incômodo e desconforto que muitos pacientes relatam”, explicou.
O advogado e contador estava decidido a encontrar um tratamento alternativo. Foi quando leu uma reportagem em que a dentista e colunista do Sechat, Cynthia de Carlo, explicava que era possível tratar o problema de saúde dele com medicamentos à base de cannabis.
Durante a consulta, a dentista fez a prescrição de 3 ml de canabidiol (CBD), antes de dormir, para tentar aliviar as tensões responsáveis pelo bruxismo e descolamento da mandíbula, que também causava a ronquidão.
Após 1 ano e dois meses de tratamento com o CBD, hoje, aos 48 anos, Marcos voltou a acordar com mais disposição, as reclamações da esposa em relação ao ronco dele diminuíram significativamente, por isso, é um entusiasta da cannabis medicinal.
Ele lembrou que chegou a ficar 40 dias sem o tratamento porque demorou a fazer a compra do medicamento importado. “Nesse período, eu sentia um peso absurdo de travar a mandíbula.”
“PRECISA HAVER UMA SEPARAÇÃO DO USO ADULTO PARA O USO MEDICINAL. CASO CONTRÁRIO, O SETOR VAI CONTINUAR APANHANDO BASTANTE.”
O Preconceito
Marcos conta que quando abriu para a família e amigos que iria usar medicamentos à base de cannabis para tratar o problema de saúde, o que mais ele ouviu foi: “Você vai virar maconheiro?”.
Para defender a ideia de que se tratava apenas de um tratamento de saúde alternativo, ele usou a experiência de 17 anos de atuação profissional na indústria de bebidas; e mais seis anos na indústria do tabaco, sem nunca ter fumado cigarro ou usado qualquer outra substância psicoativa, para esclarecer que não se tratava de uso recreativo e, sim, medicinal.
“A diferença é que o álcool pode estar em um xarope, como um remédio, como também pode estar em um uso adulto (cerveja por exemplo) causando os reflexos do uso abusivo. Então, muito cuidado ao afirmar que (a cannabis medicinal) é uma droga”, pontuou.
Ele completou dizendo que “tudo é uma droga. O álcool também é uma droga. A diferença é a quantidade ingerida que vai te dar a substância comum, como um corretivo para a medicina ou a euforia e os reflexos do uso adulto. Essa é a diferença.”
A falta de informação
Atualmente, existe a generalização da cannabis, principalmente nos meios de comunicação de massa. Alguns veículos de imprensa expõem a ideia de que tudo é a mesma coisa e não é bem assim.
De acordo com Marcos, a origem do preconceito é a falta de informação de quem não conhece a diferença entre o cânhamo medicinal ou industrial e o uso adulto da maconha. Na opinião dele, a generalização da planta atrapalha o desenvolvimento do uso medicinal.
“Você é louco! Vai usar maconha? As pessoas generalizam por ignorância e falta de conhecimento”, compartilhou.
Para Marcos, os meios de comunicação deveriam expor mais os benefícios da cannabis medicinal para doenças mais comuns.
“A mídia só mostra o uso da cannabis para o tratamento de problemas de saúde muito mais complexos que o meu”, pontuou.
Fonte: SECHAT ACADEMY