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Relatório de acompanhamento multidisciplinar de pacientes com dor crônica

No Brasil, conforme dados da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED), são mais de 60 milhões de pessoas que possuem dor crônica.

Segundo o recente relatório divulgado pelo Center for Diseases Control (CDC), que avaliou a incidência de dor crônica em americanos entre os anos de 2019 e 2021, mais de 50 milhões de adultos no país sofrem com o problema, ou seja, um em cada cinco norte-americanos. E esse cenário pode ser ainda pior, uma vez que a pesquisa não contabilizou os moradores de instituições de longa permanência.

No Brasil, conforme dados da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED), são mais de 60 milhões de pessoas que possuem dor crônica, que persiste por mais de três meses seguidos, o equivalente a 37% da população.

Médico neurocirurgião e cirurgião de coluna da Rede Meridional, Guilherme Badke, que é especializado em Neurocirurgia Funcional e Dor pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), afirmou:

“Os mecanismos de dor crônica envolvem uma complexa engrenagem de condições que tornam uma abordagem simplista fadada ao fracasso.

Quantos cirurgiões já se depararam com cirurgias tecnicamente perfeitas, mas que foram incapazes de resolver a dor do paciente de forma satisfatória?

Quantos pacientes não são enquadrados como “simuladores”, ou têm os seus sintomas subestimados quando assistidos por uma equipe despreparada? 

A chave para um problema multifatorial é uma abordagem multidisciplinar. Aqueles que experimentam compartilhar a responsabilidade em torno dos cuidados ao paciente têm comprovadamente maiores chances de êxito”.

O especialista aponta para uma carência de serviços multidisciplinares e a necessidade da formação de equipes multidisciplinares para atender a demanda crescente.

“Estudos mostram que abordagens com esse conceito são mais eficazes no tratamento da dor crônica, sendo capazes de proporcionar aos pacientes melhor qualidade de vida, controle mais eficaz da dor, melhores e mais rápidas taxas de retorno ao trabalho (na ordem de 21%) e redução das comorbidades mentais e psiquiátricas”, complementou Guilherme Badke.

O médico ressaltou ainda que o acompanhamento ideal desses pacientes deve ser realizado de forma individualizada, atendendo à demanda de cada paciente conforme o tipo de dor, suas comorbidades e particularidades.

Essa abordagem deve proporcionar ao paciente o acesso a serviço médico especializado em dor crônica, serviços propedêuticos de rápido acesso, uma rede de reabilitação estruturada, condições de oferecer tratamentos intervencionistas em dor, além de acolhimento psicológico e nutricional, conforme a necessidade específica daquela pessoa.

Vale destacar que a International Association for the Study of Pain (IASP) elegeu 2023 como o ano global para o cuidado integrativo da dor, com ênfase no autocuidado e nas terapias não medicamentosas.

Impactos da dor crônica 

Entre os impactos dessa condição, que restringe e até inviabiliza atividades simples e diárias, estão a depressão, o transtorno de ansiedade, o uso abusivo de substâncias, que por sua vez intensificam a experiência geral da dor. Isso sem mencionar o risco aumentado de suicídio, até mesmo em pessoas mais idosas.

E quando o paciente tem câncer, o panorama é ainda mais dramático, como pontua a jornalista Mariza Tavares, em sua coluna Longevidade: modo de usar, no portal G1.

Ela destaca que na palestra da médica Eloá Soffritti, integrante da clínica de dor do Hospital Copa D´Or, no VIII Congresso Internacional de Oncologia D’Or, foi mostrado que 60% a 80% dos pacientes oncológicos sentem dor e 90% das dores provenientes da doença são tratáveis, mas que isso não acontece na prática.

A especialista detalhou a teoria da dor total, concebida pela médica e enfermeira britânica Cicely Saunders, que não se limita ao desconforto físico, há ainda o aspecto psicológico; os impactos sociais, como a perda de trabalho, preocupações financeiras e com o futuro da família; e até questões espirituais, que também devem ser levadas em consideração durante o tratamento multidisciplinar.

O resultado desse acompanhamento, segundo a médica Eloá Soffritti, seria a melhora da imunidade, mais chances de reabilitação e de adesão ao plano de cuidados.

Técnicas de medicina integrativa também podem ser usadas para tratar a dor crônica, o que incluiriam acupuntura, técnicas mente-corpo (como meditação, yoga e tai chi) e técnicas envolvendo manipulação e terapias corporais (como quiropraxia, osteopatia ou massagem terapêutica).

 

 

Texto publicado originalmente em Portal PEBMED

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