A alergia é uma reação exagerada do sistema imunológico à exposição do organismo a uma série de substâncias. O quadro clínico pode ser causado por alimentos, medicamentos, insetos e animais.
Conheça as principais causas da alergia e saiba como se prevenir.
Alergias respiratórias e a rinite
As alergias respiratórias podem ser causadas por diversos fatores, incluindo ácaros, pelos de animais, mofo e pólen das flores.
“Normalmente, o pelo do animal não é o que causa a alergia. São proteínas das glândulas sudoríparas, salivares e sebáceas que grudam no pelo e, quando a pessoa respira, reage a essas substâncias”, explica a pesquisadora Luisa Karla de Paula Arruda, coordenadora do Departamento Científico de Alérgenos da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI).
Para minimizar o impactos das alergias respiratórias, é preciso adotar estratégias de controle do ambiente como colocar capas impermeáveis nos colchões, evitando os ácaros, ou restringir a circulação dos animais nos ambientes internos da casa – como os quartos.
Segundo a pesquisadora da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia, a rinite é uma das doenças alérgicas mais comuns. “Estimamos que no Brasil cerca de 30% da população tenha rinite. A maior parte, em torno de 85% dos casos, é de origem alérgica. Alguns pacientes podem ter esse quadro por infecções virais e outras causas”, afirma Luisa.
Em geral, a rinite alérgica é caracterizada por casos crônicos e recorrentes, principalmente pela exposição a ácaros presentes na poeira, pólen, fungos, urina e saliva de animais como cães e gatos.
Os sintomas mais comuns são inchaço da mucosa com obstrução nasal, coriza, espirros seguidos e coceira no nariz, na garganta e nos olhos. O diagnóstico pode ser feito a partir da investigação do histórico do paciente, além de testes na pele e exames de sangue.
Segundo os especialistas, o tratamento é diversificado e inclui o controle ambiental, uso de medicamentos e imunoterapia. O controle da rinite pode ser feito pela prevenção do contato com os agentes causadores.
Leite e frutos do mar estão entre as causas de alergia alimentar
As reações alérgicas também podem ser causadas por substâncias presente nos alimentos. O leite de vaca, ovo, trigo, soja, amendoim, camarão e outros frutos do mar, além de nozes e castanhas são alguns dos principais agentes alérgicos para algumas pessoas.
“Excluir o que provoca a reação é uma das formas de prevenir e tratar. Por exemplo, uma pessoa que teve reação alérgica ao camarão, se comprovamos que foi essa a causa, a dieta de exclusão vai resolver o problema”, explica Luisa.
Alergias a insetos
Embora a picada de insetos possa não representar qualquer risco à saúde, algumas pessoas podem apresentar reação alérgica logo após o contato com os insetos. Abelhas, vespas, marimbondos e formigas podem liberar substâncias nocivas, o que pode indicar a necessidade de atendimento médico.
A picada de abelha, por exemplo, pode apresentar manifestações locais ou sistêmicas. As mais simples incluem dor aguda local, que tende a desaparecer espontaneamente em poucos minutos, deixando vermelhidão, coceira e inchaço.
Já o quadro sistêmico apresenta-se como manifestações de reação alérgica grave, com sintomas de início rápido, 2 a 3 minutos após a picada. Além das reações locais, podem estar presentes sintomas como, dor de cabeça, vertigens e calafrios, agitação, sensação de aperto no peito, entre outros sintomas. Nesse caso, a busca por atendimento médico deve ser feita de maneira imediata.
“Para casos que não podemos evitar, como a picada de insetos, temos o tratamento com imunoterapia, que são vacinas para alergia. Hoje, existem vacinas subcutâneas e sublinguais. A ideia é dessensibilizar a pessoa para aquele componente”, diz Luisa.
Atenção aos medicamentos
A automedicação, que consiste no uso de medicamentos sem prescrição ou orientação por parte de um médico ou profissional de saúde, oferece riscos à saúde, incluindo a possibilidade de reação alérgica.
Medicamentos como anti-inflamatórios, analgésicos (aspirina, dipirona, ibuprofeno, diclofenaco) e antibióticos (principalmente pelicilinas) podem causar reações.
“Mediante os testes, orientamos o paciente sobre o que ele pode ou não pode tomar. Identificar os grupos aos quais pertencem os medicamentos que causam as reações é fundamental”, diz Luisa.
Manifestações na pele
De modo geral, as alergias podem manifestar sintomas na pele como urticária, inchaço e vermelhidão. No entanto, as alergias cutâneas também fazem parte de um grupo específico dessas reações.
“Um exemplo é a dermatite atópica, uma alergia de pele que traz um impacto na qualidade de vida porque provoca coceira intensa e pode levar à formação de lesões. Pode ser causada tanto por ácaros ou alimentos como por infecções bacterianas locais”, afirma Luisa.
Outro tipo de alergia cutânea é a dermatite de contato, que pode ser causada por metais e produtos químicos em geral, segundo a especialista.
“É comum, por exemplo, a alergia a bijuterias no local em contato com a pele. Normalmente, ela é causada por metais como níquel e cromato. Várias outras substâncias químicas podem provocar reações, como maquiagem, produtos de higiene pessoal, cosméticos, tecidos e borracha”.
Como prevenir o desenvolvimento da alergia
De acordo com o professor da Universidade de São Paulo (USP) Fábio Castro a prevenção inclui a adoção de hábitos saudáveis desde a infância, como a amamentação com leite materno pelos bebês, além de alimentação balanceada, atividades físicas e contato com a natureza ao longo da vida.
Em geral, a descoberta acontece após um primeiro evento de reação alérgica. Os especialistas recomendam que diante das primeiras manifestações, as pessoas procurem atendimento médico para que sejam investigadas as causas.
Segundo Fábio, o diagnóstico é realizado a partir da investigação do histórico do paciente, etapa em que são apuradas suas atividades mais recentes, como lugares frequentados e alimentos consumidos antes da reação.
Como controlar a alergia e aumentar a qualidade de vida
O tratamento depende do agente causador da reação alérgica e pode ser realizado a partir de diferentes estratégias, como o controle do ambiente, a imunoterapia (vacinas) e por medicamentos.
Os especialistas evitam utilizar o termo “cura”, mas afirmam que é possível alcançar o controle das alergias. “Hoje podemos oferecer o controle dos sintomas para que o paciente possa ter uma vida normal, sem que a alergia atrapalhe as atividades”, afirma Luisa.
Segundo Fábio, a imunoterapia consiste na utilização de vacinas produzidas com o uso controlado das diversas substâncias que provocam as reações alérgicas. O objetivo do método é provocar a dessensibilização do paciente ao tipo de material que causa a alergia, ou seja, fazer com que o organismo se acostume com a substância.
Este texto foi originalmente publicado em CNN