A gonorreia é uma doença infecciosa que se transmite pelo contato com mucosas ou líquidos típicos do ato sexual. Muitas pessoas se perguntam se um beijo pode ser a causa da patologia. Vamos analisá-lo nesse artigo.
Os números de infecções globais e anuais de infecções sexualmente transmissíveis nos deixam com um conceito mais do que claro: é preciso conscientizar a população sobre esse tipo de patologia. Por isso, hoje fazemos a seguinte pergunta: você pode espalhar gonorreia com um beijo?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de um milhão de pessoas contraem uma infecção sexualmente transmissível (IST) todos os dias. Entre as mais comuns encontramos clamídia, gonorreia, sífilis e tricomoníase. Elas somam um total de 376 milhões de pacientes por ano.
O que é gonorreia?
A compreensão do agente causal é o primeiro passo para responder a qualquer pergunta sobre a doença. Estamos lidando com a bactéria Neisseria gonorrhoeae, um diplococo gram-negativo com diâmetro de um micrômetro que invade as mucosas do aparelho geniturinário.
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) nos fornece uma série de dados altamente relevantes sobre essa doença infecciosa. Alguns deles são os seguintes:
- Estima-se que 106 milhões de casos de gonorreia ocorram a cada ano em todo o mundo.
- Atualmente existem cerca de 19 pacientes infectados por 1.000 mulheres e 24 pacientes infectados por 1.000 homens.
- Globalmente, 0,8% das mulheres e 0,6% dos homens entre 15 e 49 anos têm gonorreia. Muitos deles não sabem.
Como podemos ver, o impacto geral não é negligenciável. Além disso, a gonorreia é a mais resistente aos antibióticos entre todas as ISTs.
A gonorreia pode ser transmitida pelo beijo na boca?
Conforme indicado pelo portal científico SCIELO, os gonococos infectam as mucosas do trato genital, do reto e da faringe, dependendo das práticas sexuais. Isso causa coceira, dor ao urinar e descarga de fluidos semelhantes a pus. Deve-se notar que os sintomas variam de acordo com a área afetada.
Por esse motivo, as principais vias de infecção são aquelas que permitem que o novo paciente entre em contato direto com sêmen, líquido pré-ejaculatório ou uma área infectada da pessoa doente. Ou seja, sexo oral, anal ou vaginal.
Assim, a gonorreia não pode ser transmitida por contato casual, como um beijo. O patógeno também não é transmitido pelo compartilhamento de bebidas, alimentos, copos, após um abraço ou pela exposição à saliva e tosse do paciente. As bactérias são encontradas nas mucosas do trato geniturinário do indivíduo e não na saliva.
Infelizmente, a gonorreia pode ser transmitida da mãe para o bebê quando o bebê passa pelo canal do parto. É uma forma de disseminação denominada vertical e uma de suas principais complicações é a oftalmia neonatal, capaz de levar à cegueira.
Como saber se tenho gonorreia?
Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) nos fornecem certos parâmetros que indicam a presença de gonorreia em homens. Estes são os seguintes:
- Sensação de queimação ao urinar.
- Secreção líquida tipo pus branca ou amarelada do pênis.
- Dor localizada e inchaço nos testículos, embora este sinal clínico seja menos comum.
Por outro lado, a Clínica Mayo e outras fontes já citadas coletam os sintomas em mulheres. Entre eles encontramos os seguintes:
- Aumento do corrimento vaginal.
- Dor ao urinar.
- Sangramento vaginal entre os períodos.
- Dor abdominal ou pélvica.
De qualquer forma, deve-se notar que a maioria das mulheres não apresenta sintomas. Além disso, as que apresentam costumam apresentar sinais muito leves que podem ser confundidos com outras patologias. Essa é uma das razões pelas quais, infelizmente, a doença é tão prevalente no mundo: por não ser tão evidente, algumas pessoas optam por não usar proteção.
Por outro lado, também é fundamental lembrar que não se trata de uma patologia que deve ser ignorada pela leveza geral de seus sintomas. A gonorreia não tratada tem consequências graves, incluindo as seguintes:
- Infertilidade: tanto homens quanto mulheres podem se tornar inférteis se as bactérias entrarem em áreas do sistema reprodutivo ligadas à produção de gametas.
- Disseminação para outros órgãos: se o agente patogênico se multiplicar descontroladamente, pode entrar na corrente sanguínea e invadir outros órgãos. Neste caso, o quadro clínico é complicado.
- Aumento do risco de contrair HIV: As pessoas que têm gonorreia e HIV podem transmitir mais facilmente ambas as doenças aos seus parceiros sexuais.
Como evitar a gonorreia?
A resposta é clara: usar preservativos, barreiras orais de látex e tomar medidas de higiene excepcionais em encontros sexuais esporádicos. Usar camisinha é sempre a melhor opção. É melhor prevenir do que remediar
Como você deve ter lido nas linhas anteriores, espalhar gonorreia não pode ser feito com beijos ou abraços ou comendo no mesmo prato que uma pessoa doente. A rigor, deve haver contato com o fluido seminal, corrimento vaginal ou mucosas do trato geniturinário de um paciente infectado.
Isso não significa que ações não devam ser tomadas. Por exemplo, o sexo oral é um método de transmissão muito comum, pois as pessoas tendem a ignorar a proteção nesses atos devido ao risco nulo de gravidez. Este é um erro grave e é capaz de levar a uma IST.
Fonte: MELHOR COM SAÚDE