O início do inverno é motivo de atenção para as doenças respiratórias. As temperaturas mais baixas favorecem a disseminação dos vírus causadores de infecções como gripe, resfriado e a Covid-19. A transmissão das doenças também aumenta devido ao comportamento das pessoas, que permanecem mais tempo confinadas em espaços fechados e sem ventilação.
Segundo especialistas consultados pela CNN, o ressecamento das vias aéreas pode causar desconforto, dificultar a respiração e piorar quadros de sinusite, bronquite, asma e rinite. Alguns cuidados são essenciais para reduzir as chances de contaminação e agravamento das doenças, confira.
1. Mantenha os ambientes ventilados
O contágio por vírus de transmissão respiratória é menor ao ar livre e em ambientes ventilados. Por esse motivo, os especialistas recomendam que, quando possível, as janelas e portas devem ficar abertas, favorecendo a circulação e renovação do ar.
A transmissão de vírus respiratórios tem muito a ver com a quantidade do microorganismo que está no ambiente, segundo o infectologista Marcos Cyrillo, diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). “Manter o local ventilado diminui a chance do vírus passar de uma pessoa para outra, permanecer no ar por algumas horas e cair nas superfícies, contaminando mais gente”, explica.
2. Reforce a higiene das mãos
As mãos são uma das principais vias de entrada dos vírus causadores de doenças respiratórias no organismo. Os especialistas recomendam a higienização com água e sabão, esfregando todas as partes da mão, incluindo as palmas, o dorso, o espaço entre os dedos, os polegares, a região das unhas e os pulsos. O álcool em gel também pode ser utilizado quando não for possível realizar a lavagem das mãos, como no transporte público ou na rua.
“A higiene das mãos é fundamental não só para a prevenção da transmissão de vírus respiratórios, mas de uma série de doenças causadas por bactérias, fungos e outros vírus. Se as mãos estiverem visivelmente limpas, posso usar o álcool gel. Se elas estiverem visivelmente sujas, devo usar água e sabonete”, afirma Cyrillo.
3. Utilize a máscara adequadamente
Segundo o infectologista, o uso de máscara é uma estratégia essencial para a prevenção da transmissão dos vírus respiratórios. No entanto, só funciona quando utilizada corretamente. Ela deve estar ajustada no rosto, de forma a cobrir completamente o nariz e a boca. “A máscara diminui principalmente as chances da pessoa infectada com vírus respiratório transmiti-lo para outras pessoas e borrifá-lo no ambiente”, diz.
Entre os principais erros que devem ser evitados em relação ao uso, estão colocar a máscara no queixo, o que pode levar à contaminação, abaixá-la para falar ao telefone ou espirrar e utilizar a mesma máscara todos os dias.
4. Mantenha o corpo hidratado
Nos dias mais frios, há uma tendência de menor consumo de água pelas pessoas. No entanto, o otorrinolaringologista Jamal Azzam afirma que, mesmo no inverno, a quantidade de água ingerida diariamente deve ser a mesma, em torno de 1,5 a 2 litros por dia. “A época de frio diminui a sede. A orientação é tomar água mesmo sem sentir sede para manter o corpo hidratado”, diz.
Segundo Jamal, o frio provoca alterações internas no sistema respiratório que favorecem a entrada de microrganismos como vírus, bactérias e fungos. “No nosso sistema respiratório, temos células com cabelinhos, que chamamos de cílios. Eles estão na superfície do nariz, da face, dos ouvidos e dos pulmões e movimentam as secreções que devem sair do organismo. Caso os cílios sejam submetidos a uma temperatura fria, o movimento deles diminui, e há uma tendência das secreções respiratórias ficarem paradas”, explica.
O especialista recomenda hidratar as vias respiratórias com soro fisiológico (composto de água e sal), que pode ser utilizado de forma contínua e preventiva de duas a quatro vezes ao dia. “Ao pingar, borrifar ou inalar o soro fisiológico, ele vai umedecer e liquefazer as secreções que estão em cima dos cílios, facilitando a eliminação delas e favorecendo a limpeza dos próprios cílios”, afirma.
5. Evite choques térmicos
Evitar choques térmicos é um dos desafios comuns no período do inverno. No entanto, especialistas recomendam que as pessoas façam transições suaves entre ambientes com diferentes temperaturas, além de evitar o uso de ar-condicionado neste período.
A infectologista Raquel Muarrek explica que as mudanças bruscas na temperatura impactam diretamente no funcionamento do sistema imunológico. “O choque térmico faz com que a imunidade seja usada para manter a temperatura. Toda vez que isso acontece, ela fica menos estável para combater doenças. O ideal é que as pessoas realmente ‘descasquem’ as roupas como cebolas para evitar o choque térmico”, afirma.
6. Mantenha a saúde em dia
Segundo o otorrinolaringologista Jamal Azzam, alguns hábitos podem contribuir para o aumento da imunidade do organismo, como a alimentação variada e regular (a cada 3 horas), sono de qualidade (cerca de 8h por noite) e controle do estresse. “Se a pessoa tiver uma saúde plena, a chance é de que o corpo elimine com mais facilidade os vírus e aborte o processo das infecções respiratórias”, afirma.
O médico ressalta que não existe comprovação científica de que vitamina C funcione para a previr ou tratar doenças respiratórias. “Indicamos alimentação colorida variada para ter aporte das inúmeras vitaminas”, explica.
7. Procure atendimento médico
O infectologista da Fiocruz Pernambuco e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Paulo Sergio Ramos de Araújo recomenda que, diante do aparecimento de sintomas, as pessoas busquem atendimento médico para esclarecimento.
“Na presença de qualquer sintoma relacionado às vias aéreas, como coriza, tosse, dor de garganta, febre, de forma isolada ou associada, o indivíduo deve buscar atendimento médico ou serviço de atenção básica da saúde, para receber orientações sobre a necessidade de testagem para a Covid-19 e prosseguir com as medidas de isolamento, caso seja indicado”, afirma.
Fonte: CNN Brasil