O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), terceiro filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), acusou em 2016 Governo Dilma (PT) de tentar controlar a atuação da Polícia Federal por meio de uma troca de ministro da Justiça. “A cadeia é logo ali”, chegou a escrever o deputado (veja o tweet mais abaixo).
Na ocasião, em meio à crise política causada pela Operação Lava Jato, o ministro José Eduardo Cardozo deixou o cargo de ministro da Justiça à disposição da presidente Dilma Rousseff. Ele alegou “uma série de desgastes, seja pessoal ou político” após pedir demissão e acabou assumindo a Advocacia-Geral da União (AGU).
O deputado Eduardo Bolsonaro então reagiu no Twitter. “A cadeia é logo ali. Lula, Dilma e PT tentarão controlar PF através de novo ministro da justiça”, escreveu na legenda de uma capa do jornal “O Estado de S. Paulo”.
A Polícia Federal e a Lava Jato também são protagonistas na atual crise no Ministério da Justiça e da Segurança Pública. Em pronunciamento feito na manhã de hoje, o ex-juiz Sergio Moro anunciou sua demissão e acusou Jair Bolsonaro de cometer “interferência política” na PF ao exonerar Maurício Leite Valeixo do cargo de diretor-geral da instituição. Em seu pronunciamento, Moro inclusive avaliou de forma positiva os governos anteriores quanto à independência da Polícia Federal.
“O governo da época tinha inúmeros defeitos, crimes gigantescos de corrupção, mas foi fundamental a manutenção da autonomia da PF para que fosse possível realizar esse trabalho. Seja de bom grado ou seja pela pressão da sociedade, essa autonomia foi mantida e isso permitiu que os resultados fossem alcançados”, disse o ex-ministro.
Questionado sobre a semelhança entre a acusação que fez ao Governo Dilma e 2016 e a acusação feita por Moro a seu pai, Jair Bolsonaro, o deputado não respondeu até a publicação deste texto.
O deputado ainda não se pronunciou sobre a saída de Sergio Moro do governo. Quanto a Valeixo, disse que “saiu a pedido próprio”, algo que o ex-ministro negou em seu pronunciamento. O deputado tem, ele próprio, uma relação particular com a Polícia Federal.
Ele foi escrivão da PF durante cinco anos, em quatro postos diferentes da instituição — em Guajará-Mirim (RO), Guarulhos (SP), São Paulo e Angra dos Reis (RJ) — até ser eleito para seu primeiro mandato na Câmara, em 2015.
Eduardo Bolsonaro está envolvido em investigação feita pela CPMI das Fake News.
Segundo documentos que o Facebook enviou ao Congresso, um perfil da rede social usado para ataques virtuais foi registrado com o telefone do secretário parlamentar de Eduardo, seu xará Eduardo Guimarães.
O e-mail usado no cadastro é “eduardo.gabinetesp@gmail.com”, o mesmo endereço utilizado oficialmente pela assessoria de Eduardo Bolsonaro para comprar passagens e reservar hotéis para o deputado, como mostra a prestação de contas disponível no site da Câmara dos Deputados.
FONTE: UOL