Pacientes com doenças reumatológicas são, em sua grande maioria, excluídos dos grandes estudos clínicos no desenvolvimento de vacinas. Entretanto, estudos recentes apontam que a vacinação contra o SARS-CoV-2 parece ser segura em pacientes com doenças reumáticas e musculoesqueléticas e provavelmente desencadeia crises em menos de 5% dos casos.
Metodologia
Foram analisados dados de 5.121 pacientes com doenças reumáticas e musculoesqueléticas (DRM) de 30 países, 90% dos quais (idade média, 60,5; 68%, mulheres) tinham doenças inflamatórias/autoimunes reumatológicas e musculoesqueléticas (I-RMD). Os participantes com doença não inflamatória (10%) tinham uma idade média de 72,4 e 77% eram mulheres.
Resultados
No geral, as condições mais frequentes foram doenças inflamatórias das articulações (58%), principalmente a artrite reumatoide, doenças do tecido conjuntivo (18%), sobretudo o lúpus eritematoso sistêmico, e as vasculites (12%). Cinquenta e quatro por cento dos pacientes receberam medicamentos antirreumáticos modificadores de doença sintéticos convencionais (DMARDs); 42% DMARDs biológicos; e 35% imunossupressores (em combinação com outros medicamentos). A maioria dos pacientes recebeu a vacina Pfizer/BioNTech (70%), seguida pela AstraZeneca/Oxford (17%) e Moderna (8%).
Entre aqueles que foram totalmente vacinados, infecções inesperadas foram relatadas em 0,7% dos pacientes com I-RMD e 1,1% dos pacientes com doença não inflamatória (NI-RMDs). As exacerbações de I-RMD ocorreram em 4,4% dos pacientes (0,6% graves), com 1,5% resultando em mudanças de medicação. Eventos adversos (EAs) foram relatados em 37% dos casos I-RMD e 40% dos casos NI-RMD. EAs graves ocorreram em uma minoria dos casos.
Embora o estudo não tenha como objetivo identificar preditores de crises em pacientes com doenças reumáticas inflamatórias, foi observado uma baixa taxa de crises, particularmente crises graves (0,6%). A porcentagem de surtos foi ligeiramente maior em pacientes com atividade moderada/alta da doença (5,2%) em comparação com pacientes em remissão/baixa atividade da doença, aumentando a possibilidade de uma associação entre maior atividade da doença e maior taxa de surtos. No entanto, é importante notar que os surtos podem ocorrer como parte da história natural da doença e não necessariamente relacionado à vacinação contra o SARS-CoV-2.
Com isso, os recentes dados devem tranquilizar reumatologistas, outros profissionais de saúde e destinatários de vacinas e promover a confiança na segurança da vacinação contra Covid-19 em pessoas com doenças reumáticas inflamatórias.
Mensagens práticas
Pacientes com doenças autoimunes podem e devem ser vacinados para a Covid-19 com segurança;
As drogas utilizadas no tratamento parecem não interferir na proteção vacinal;
O seguimento a longo prazo será capaz de dizer sobre a necessidade de revacinação e efetividade da proteção.
Fonte – Portal PEBMED