Após as primeiras ondas de Covid, todos estavam esperançosos que a pandemia estaria perto de um final. No entanto, no quarto trimestre de 2021 foi descoberta a variante Ômicron e, concomitante, um número avassalador de casos foram sendo diagnosticados em diferentes países.
Assim como nas outras ondas, aqui no Brasil podemos acompanhar e até mesmo prever o que estaria por vir, uma vez que, apesar das peculiaridades brasileiras, o padrão foi sempre semelhante ao que aconteceu na Europa e nos EUA. Na variante Ômicron não está sendo diferente. Inicialmente, ao ser descoberta na África do Sul alguns até postularam que no Brasil já teria ocorrido o surto desta variante, no entanto não foi detectada.
Infelizmente, esta teoria está longe de ser correta e o que detectamos hoje são incontáveis pacientes com teste positivo para Covid. O marcante desta nova variante é sua menor virulência com um predomínio de casos leves e até mesmo assintomáticos.
Isto levou a um aumento de detecção de casos diagnosticados de forma assintomática, principalmente em pacientes que seriam submetidos a tratamento cirúrgico eletivo. Um teste positivo pré-operatório obriga a suspensão do procedimento, já que a realização de procedimento cirúrgico logo após uma infecção por Covid-19 aumenta o número de complicações e óbitos.
Ômicron e cirurgias eletivas
Com a Ômicron, reacende a discussão se realmente devemos aguardar o tempo originalmente proposto ou se podemos encurtar esta espera e realizar o procedimento operatório. Apesar da ansiedade do paciente, os procedimentos eletivos devem ser realizados em uma condição clínica ideal do paciente. Caso se torne imperativo a realização do procedimento, este deixa de ser eletivo e se torna urgência/emergência e assim deve ser tratado como tal. Apesar deste apelo pela menor virulência, não existe nenhuma recomendação para que se encurte o tempo de espera entre o diagnóstico de Covid e a realização da cirurgia.
A Sociedade Brasileira de Anestesia (SBA) emitiu uma carta em conjunto com a Sociedade Americana de Anestesia (ASA), em 2021, que devido ao aumento de complicações até quatro semanas após a detecção do SARS-COV-2, os procedimentos devem ser adiados por pelo menos esse período. No entanto, pacientes com quadro mais grave ou portadores de doenças crônicas o período de espera pode chegar até três meses. De forma objetiva e prática a carta fez as seguintes recomendações:
4 semanas para um paciente assintomático ou após recuperação de sintomas leves, não respiratórios;
6 semanas para um paciente sintomático (ex.: tosse, dispneia) que não necessitou de internação;
8 a 10 semanas para um paciente sintomático que é diabético, está imunocomprometido ou hospitalizado;
12 semanas para um paciente que deu entrada na UTI devido à Covid-19.
Para levar para casa
Mesmo com a Ômicron, não existe nenhuma nova recomendação para diminuição do tempo de espera para a realização de procedimentos cirúrgicos eletivos. O bom senso deve prevalecer! Aguardar o período recomendado é fundamental para prevenir desgastes e complicações desnecessárias.
Fonte – Portal PEBMED